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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido <strong>de</strong> que<br />

também os mortos não estarão <strong>em</strong> segurança se o inimigo vencer. E<br />

esse inimigo não t<strong>em</strong> cessado <strong>de</strong> vencer. 109<br />

Benjamin rejeita a concepção historicista-positivista, on<strong>de</strong> o papel do<br />

historiador seria apenas o <strong>de</strong> representante do passado e neutro diante dos fatos,<br />

on<strong>de</strong> confirma o olhar dos vencedores <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da verda<strong>de</strong> histórica. Ele<br />

propõe uma nova análise da história partindo do olhar dos vencidos. Neste ponto,<br />

ele critica a i<strong>de</strong>ologia histórica do “progresso”, ao constatar na história suas<br />

barbáries. Partindo do ponto <strong>de</strong> vista dos oprimidos, o passado não é um acúmulo<br />

gradual <strong>de</strong> conquistas, mas uma série <strong>de</strong> continuas <strong>de</strong>rrotas. Escrever a história dos<br />

vencidos exige uma m<strong>em</strong>ória que não se encontra nos livros da história oficial. Por<br />

isso a filosofia da história <strong>de</strong> Benjamin inclui uma teoria da m<strong>em</strong>ória e da experiência<br />

no sentido <strong>de</strong> “Erfahrung”, <strong>em</strong> oposição a vivência “Erlebnis”. L<strong>em</strong>os <strong>em</strong> Os cacos<br />

da história:<br />

O historiador materialista não preten<strong>de</strong> dar uma <strong>de</strong>scrição do<br />

passado “tal qual ele ocorreu <strong>de</strong> fato”; preten<strong>de</strong> fazer <strong>em</strong>ergir as<br />

esperanças não realizadas <strong>de</strong>sse passado, inscrever <strong>em</strong> nosso<br />

presente seu apelo por um futuro diferente. Para fazer isso, é<br />

necessária a obtenção <strong>de</strong> uma experiência histórica capaz <strong>de</strong><br />

estabelecer uma ligação entre passado submerso e o presente. Tal<br />

conceito <strong>de</strong> experiência (Erfahrung) t<strong>em</strong>, na teoria <strong>benjamin</strong>iana,<br />

uma orig<strong>em</strong> literária: é tomado à procura proustiana e ao mo<strong>de</strong>lo da<br />

narração. 110<br />

No tocante a idéia <strong>de</strong> “Re<strong>de</strong>nção” ele busca pagar uma dívida com todos os<br />

<strong>de</strong>rrotados do passado a partir da r<strong>em</strong>iniscência. Para Benjamin, t<strong>em</strong>os uma<br />

obrigação com eles, já que eles não morreram <strong>em</strong> vão. Ao reconhecer no Messias a<br />

classe proletária e no Anticristo a classe dominante, uma influência <strong>de</strong> seu amigo, o<br />

teólogo protestante e socialista revolucionário Fritz Lieb; mais uma vez Benjamin faz<br />

uso da metáfora com o objetivo <strong>de</strong> levar o seu leitor a a<strong>de</strong>ntrar no mundo da alegoria<br />

para <strong>de</strong>la tirar suas lições. A tarefa do historiador materialista era vivificar o presente<br />

pela r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração e pela citação dos acontecimentos do passado com<br />

responsabilida<strong>de</strong> e consciente <strong>de</strong> seu papel na história. Nas Teses ele retorna a<br />

109 Ibid. p. 224-225.<br />

110 Op. cit. p. 67.<br />

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