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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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Os românticos e os neo-românticos germânicos (fim do século XIX)<br />

criticaram a Zivilisation – o progresso material s<strong>em</strong> alma, ligado ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento técnico e cientifico, a racionalida<strong>de</strong> burocrática, a<br />

quantificação da vida social – <strong>em</strong> nome da Kultur, o corpo orgânico<br />

dos valores morais, culturais, religiosos e sociais. Eles <strong>de</strong>nunciaram,<br />

<strong>em</strong> particular, os resultados fatais da maquinaria, da divisão do<br />

trabalho e da produção <strong>de</strong> bens, retomando nostalgicamente o modo<br />

<strong>de</strong> vida pré-capitalista e pré-industrial. Embora muito <strong>de</strong>sse<br />

anticapitalismo romântico fosse conservador, restauracionista ou<br />

reacionário, existia também uma forte tendência potencialmente<br />

revolucionária. Os revolucionários românticos criticavam a or<strong>de</strong>m<br />

burguesa-industrial <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> valores do passado, mas suas<br />

esperanças eram orientadas para uma utopia pós-capitalista,<br />

socialista e s<strong>em</strong> classes. 105<br />

O romantismo está presente <strong>em</strong> muitos escritos <strong>de</strong> Benjamin, e para muitos<br />

comentadores, por ex<strong>em</strong>plo, Lowy, ele é um filósofo romântico. Ele parte da idéia<br />

que a técnica é uma possibilida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento humano, mas não a<br />

única. Fica evi<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> A obra <strong>de</strong> arte na era <strong>de</strong> sua reprodutibilida<strong>de</strong> técnica, seu<br />

entusiasmo diante das técnicas <strong>de</strong> reprodução como a fotografia e o cin<strong>em</strong>a. Ele<br />

observa:<br />

Muito se escreveu, no passado, <strong>de</strong> modo tão sutil como estéril, sobre<br />

a questão <strong>de</strong> saber se a fotografia era ou não uma arte, s<strong>em</strong> que se<br />

colocasse sequer a questão prévia <strong>de</strong> saber se a invenção da<br />

fotografia não havia alterado a própria natureza da arte. Hoje, os<br />

teóricos do cin<strong>em</strong>a retomam a questão na mesma perspectiva<br />

superficial. Mas as dificulda<strong>de</strong>s com que a fotografia confrontou a<br />

estética tradicional eram brinca<strong>de</strong>iras infantis <strong>em</strong> comparação com<br />

as suscitadas pelo cin<strong>em</strong>a. 106<br />

Benjamin reconhece nas técnicas <strong>de</strong> reprodução, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocratizar a informação, levando cultura a um maior número <strong>de</strong> pessoas. Seu<br />

entusiasmo era duramente criticado pelos frankfurtianos, mas isso não impedia que<br />

sua crítica continuasse contun<strong>de</strong>nte. Reconhecia nas novas técnicas <strong>de</strong> reprodução<br />

o exercício <strong>de</strong> novas percepções e reações do hom<strong>em</strong> diante <strong>de</strong> um aparelho<br />

técnico cujo papel cresce cada vez mais <strong>em</strong> sua vida cotidiana. Fica evi<strong>de</strong>nte que se<br />

por um lado, existia certo pessimismo <strong>em</strong> relação ao progresso, <strong>de</strong> outro sua<br />

105 Op.cit. p. 206-207.<br />

106 BENJAMIN, Walter. A obra <strong>de</strong> arte na era <strong>de</strong> sua reprodutibilida<strong>de</strong> técnica. In: Obras<br />

escolhidas I. 10. ed. Trad.: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 176.<br />

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