walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
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significado e se torna veiculo <strong>de</strong> outra coisa. Na verda<strong>de</strong> a alegoria surge <strong>de</strong>sse<br />
momento, e se abre entre a forma e o significado. Os dois não estão mais unidos<br />
entre si, o significado não está mais restrito àquela forma particular, n<strong>em</strong> a forma ao<br />
significado. O que aparece na alegoria, <strong>em</strong> suma é a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significados que<br />
se pren<strong>de</strong> a toda representação. Essa é a força presente na obra <strong>de</strong> Kafka e o<br />
segredo da escrita <strong>de</strong> Benjamin. Já que ele faz uso <strong>de</strong>la para conciliar filosofia e<br />
teologia.<br />
A alegoria s<strong>em</strong>pre foi uma preocupação constante para os cabalistas, mas<br />
n<strong>em</strong> por isso era o ponto principal do seu método ou <strong>de</strong> sua fé. Este <strong>de</strong>ve ser<br />
procurado na atenção que dispensaram ao símbolo – uma forma <strong>de</strong> expressão que<br />
radicalmente transcen<strong>de</strong> a esfera alegórica.<br />
O símbolo nada “significa” e nada comunica, no entanto, torna transparente<br />
aquilo que se encontra além <strong>de</strong> qualquer significação. Enquanto que a estrutura<br />
alegórica s<strong>em</strong>pre revela novas camadas <strong>de</strong> significados, o símbolo é intuitivamente<br />
compreendido. Fica compreendido que a metáfora é um símbolo e a alegoria um<br />
convite continuo ao exercício da subjetivida<strong>de</strong>. Schol<strong>em</strong> conclui:<br />
Tais símbolos abundam no mundo do cabalismo, e o mundo inteiro é<br />
para o cabalista s<strong>em</strong>elhante a um corpus symbolicum. A partir da<br />
realida<strong>de</strong> da Criação, s<strong>em</strong> negar ou aniquilar a existência <strong>de</strong>sta, o<br />
mistério inexprimível da Divinda<strong>de</strong> se torna visível. Em especial, os<br />
atos religiosos prescritos pela Torá, as mitzvot, são para o cabalista<br />
símbolos <strong>em</strong> que uma esfera <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> mais profunda e oculta se<br />
faz transparente. 100<br />
No caso da metáfora, etimologicamente quer dizer “tropo” que consiste na<br />
transferência <strong>de</strong> uma palavra um âmbito s<strong>em</strong>ântico que não é o do objeto que ela<br />
<strong>de</strong>signa que se fundamenta numa relação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança subentendida entre<br />
sentido próprio e o figurado.<br />
Enquanto que a alegoria é a exposição <strong>de</strong> um pensamento <strong>em</strong> forma<br />
figurada, ou melhor, uma seqüência <strong>de</strong> metáforas que significam uma coisa na<br />
palavra e outra no sentido. O que distingue uma da outra é que a metáfora ten<strong>de</strong> a<br />
objetivida<strong>de</strong>, enquanto a alegoria busca a subjetivida<strong>de</strong> do interprete. De acordo<br />
com Paul Ricoeur:<br />
100 Op. cit. p. 29.<br />
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