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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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Sua abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser universalizante, e ao mesmo t<strong>em</strong>po, capaz <strong>de</strong> levar do<br />

entendimento <strong>de</strong> cada uma das alegorias, <strong>de</strong>svelando o máximo grau possível <strong>de</strong><br />

significações. Assim, a formação e formulação <strong>de</strong> alegorias <strong>de</strong>v<strong>em</strong>, por sua vez,<br />

conseguir transformar experiências individuais concretas <strong>em</strong> experiências coletivas<br />

universalizante. Como observa Flávio Kothe:<br />

A alegoria é a própria ontologia da obra literária. À medida que o<br />

leitor lê a si mesmo através do texto, ele não lê propriamente o texto<br />

do autor n<strong>em</strong> o autor do texto, mas apenas o autor que ele mesmo<br />

se torna por meio do texto do autor. O texto do leitor e o texto do<br />

autor não são absolutamente idênticos, um é a alegoria do outro. 99<br />

O autor, enquanto leitor <strong>de</strong> si mesmo, cria uma contradição que só na obra<br />

encontra a sua superação. A contradição volta a se instaurar com a reconstrução da<br />

obra feita pelo leitor. Autor e leitor geram junta a obra, que é sua alegoria, o seu<br />

dizer o outro. Trata-se <strong>de</strong> uma “reconstrução”, a partir das ruínas do texto, s<strong>em</strong><br />

efetivo original: o dizer o outro diz um outro que já não se po<strong>de</strong> mais saber como era<br />

<strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong>.<br />

Benjamin não toma a alegoria como uma brinca<strong>de</strong>ira técnica com imagens,<br />

mas como forma <strong>de</strong> expressão, assim como a fala e a escrita. É nesse universo que<br />

Franz Kafka constrói sua obra, já que a alegoria é o melhor caminho para aproximar<br />

o hom<strong>em</strong> do Sagrado, mesmo não sendo sua intenção. Para melhor compreensão<br />

<strong>de</strong>sse elo entre o filósofo al<strong>em</strong>ão e o escritor praguense é necessário recorrer à<br />

análise sobre o que seja a alegoria.<br />

Para Schol<strong>em</strong>, a alegoria consiste numa re<strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> significados e<br />

correlações <strong>em</strong> que tudo po<strong>de</strong> se transformar na representação <strong>de</strong> tudo, mas<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>ntro dos limites da linguag<strong>em</strong> e da expressão. O pensamento cabalístico<br />

concorda que a linguag<strong>em</strong> vai além da mera comunicação humana, esse uso<br />

alegórico já expõe a força que a alegoria t<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro do pensamento judaico.<br />

Benjamin seduzido por esse pensamento escreve gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seus ensaios<br />

tendo como t<strong>em</strong>a a linguag<strong>em</strong>.<br />

A possibilida<strong>de</strong> da imanência alegórica é <strong>de</strong>fendida por Schol<strong>em</strong>. Para ele,<br />

seria aquilo que é expresso pelo e no signo alegórico, como algo que possui o seu<br />

próprio contexto significativo, porém, ao tornar-se alegórico, per<strong>de</strong> seu próprio<br />

99 KOTHE, Flávio. A alegoria. São Paulo: Ática, 1986. p. 66.<br />

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