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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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CAPÍTULO II - O DEUS ESQUECIDO<br />

2.1 BENJAMIN, LEITOR DE KAFKA<br />

Na narrativa <strong>de</strong> Olga se abria diante <strong>de</strong>le um mundo tão vasto e<br />

escassamente plausível, que K. não podia resistir a tocá-lo, com sua<br />

pouca experiência, para se convencer mais nitidamente tanto da<br />

existência <strong>de</strong>sse mundo como da sua própria.<br />

60<br />

Franz Kafka: O Castelo<br />

Neste capítulo, analiso a leitura feita por Benjamin da obra <strong>de</strong> Franz Kafka,<br />

para a partir <strong>de</strong>la, aproximar seu estudo sobre a narração da obra do escritor<br />

pragense. A crítica <strong>de</strong> Benjamin ao universo kafkiano é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância,<br />

principalmente por conseguir conciliar a experiência teológica com a crítica à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

É necessário observar que a obra <strong>de</strong> Kafka esta sujeita as mais diversas<br />

interpretações, chegando a ponto <strong>de</strong> muitos comentadores construír<strong>em</strong> vários<br />

Kafkas. Para a dissertação o importante é a análise feita por Benjamin no ensaio<br />

Franz Kafka: A propósito do décimo aniversário da sua morte e suas<br />

correspondências com Gershom Schol<strong>em</strong>.<br />

A obra <strong>de</strong> Kafka representa para o século XX a confirmação <strong>de</strong> uma ruptura<br />

com a tradição. Sua literatura é responsável por toda uma nova forma <strong>de</strong> escrever<br />

on<strong>de</strong> ocorre o <strong>de</strong>sligamento com o naturalismo <strong>de</strong>scritivo que predominava até<br />

então.<br />

O hom<strong>em</strong> do nosso t<strong>em</strong>po não é o hom<strong>em</strong> reificado do século XIX, pelo<br />

contrário, ele é o hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> continua tensão face ao <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia<br />

e dos instrumentos <strong>de</strong> opressão e alienação construídas pelo capitalismo.<br />

Sua obra é fruto <strong>de</strong> um indivíduo engajado, tanto <strong>em</strong> uma situação, quanto<br />

num momento histórico, por isso autor e personagens se confun<strong>de</strong>m a maior parte<br />

do t<strong>em</strong>po.<br />

Kafka <strong>de</strong>nuncia a incapacida<strong>de</strong> do hom<strong>em</strong> se comunicar na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

(uma interpretação alegórica). É esse dil<strong>em</strong>a que presenciamos nos seus<br />

personagens, e é essa angústia que sua obra causa nos leitores <strong>de</strong>savisados. Como<br />

observou Benjamin, numa carta a Schol<strong>em</strong> <strong>em</strong> 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1938:

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