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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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No ensaio T<strong>em</strong>po e tarefa, Andrew Benjamin observa essa particularida<strong>de</strong> do<br />

pensamento <strong>benjamin</strong>iano:<br />

O que esse quadro preten<strong>de</strong> é que o messiânico seja <strong>de</strong>scritivo que<br />

capacita o “evento” a ter uma pós-vida; sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perdurar é<br />

explicável <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r messiânico. Esse po<strong>de</strong>r não é<br />

teológico. Não é conseqüência <strong>de</strong> palavra ou ato <strong>de</strong> Deus. Na<br />

verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se acrescentar que um limite ao próprio<br />

<strong>em</strong>preendimento <strong>de</strong> Benjamin resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> ele ter sido obrigado<br />

a recorrer, para explicar essa ocorrência, à figura teológica, e não a<br />

ontologia do “evento” – o limite que se torna, portanto, o limite do<br />

filosófico <strong>em</strong> sua obra. 51<br />

Diria que Andrew comete uma injustiça, já que Benjamin nunca escon<strong>de</strong>u que<br />

era um metafísico, n<strong>em</strong> o quanto se sentia confortável ao trabalhar t<strong>em</strong>as teológicos.<br />

Para ele teologia e filosofia andam juntas s<strong>em</strong> contradição. Rochlitz atentou para<br />

esse <strong>de</strong>talhe:<br />

Benjamin nunca discute seu conceito teológico e metafísico <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> confrontando-o com outras concepções. É que a verda<strong>de</strong>,<br />

para ele, quer dizer: a vida consi<strong>de</strong>rada à luz da salvação<br />

messiânica. Não se trata <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong> suscetível <strong>de</strong> justificação<br />

argumentada, mas <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> da verda<strong>de</strong>ira vida. 52<br />

O conceito <strong>de</strong> “t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> agora” ou “t<strong>em</strong>po atual”, Jetztzeit, encontra-se na<br />

Tese XIV <strong>de</strong> Sobre o conceito da história, um dos textos <strong>de</strong> caráter mais<br />

materialistas <strong>de</strong> Benjamin, que, no entanto recorre à ruptura messiânica da historia.<br />

Nele encontramos a idéia <strong>de</strong> que a história não é um t<strong>em</strong>po homogêneo e vazio,<br />

pelo contrário, é um t<strong>em</strong>po repleto <strong>de</strong> “agoras” - observando também a Tese XIII,<br />

encontramos sua crítica quanto à homogeneida<strong>de</strong> do t<strong>em</strong>po, tão alimentada pela<br />

i<strong>de</strong>ologia do progresso.<br />

A idéia <strong>de</strong> progresso que perpassa a história como se ocorresse <strong>de</strong> forma<br />

linear é uma gran<strong>de</strong> ilusão, um discurso político que t<strong>em</strong> finalida<strong>de</strong>s meramente<br />

coercitivas. A originalida<strong>de</strong> teórica <strong>de</strong> Benjamin consiste <strong>em</strong> não se contentar com a<br />

<strong>de</strong>nuncia <strong>de</strong>ssa visão <strong>de</strong>terminista. Ele procura ir além, ao criticar a concepção <strong>de</strong><br />

51 BENJAMIN, Andrew. T<strong>em</strong>po e tarefa. In: A filosofia <strong>de</strong> Walter Benjamin: Experiência e<br />

<strong>de</strong>struição. Trad.: Maria Luiza X. <strong>de</strong> A. Borges. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 241.<br />

52 Op. cit. p. 102.<br />

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