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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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Erfahrung (experiência coletiva). Essa morte do sujeito clássico e a <strong>de</strong>sintegração<br />

dos objetos explicam o ressurgimento da alegoria na época mo<strong>de</strong>rna. Benjamin vê<br />

no capitalismo mo<strong>de</strong>rno a consumação <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>struição. Não há mais sujeito<br />

soberano num mundo <strong>em</strong> que as leis do mercado reg<strong>em</strong> a vida dos indivíduos.<br />

A crítica ao romance presente <strong>em</strong> O Narrador, afirma que ele não está<br />

vinculado à tradição oral e n<strong>em</strong> a alimenta. O romance é um produto que se origina<br />

no hom<strong>em</strong> isolado, já <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> experiências comunicáveis, que não recebe e<br />

não dá conselhos. Para a tradição narrativa (oral), aconselhar é menos respon<strong>de</strong>r a<br />

uma pergunta que fazer uma sugestão sobre a continuação <strong>de</strong> uma história que está<br />

sendo narrada. Um conselho que foi tecido na substância viva da existência é o que<br />

chamamos sabedoria.<br />

Para Benjamin, no tocante a pobreza <strong>de</strong> experiência, não se <strong>de</strong>ve imaginar<br />

que os homens aspir<strong>em</strong> a novas experiências, pelo contrário, eles quer<strong>em</strong> se libertar<br />

<strong>de</strong> toda experiência. Eles advogam que o próprio <strong>de</strong>clínio da experiência carrega<br />

alguma virtu<strong>de</strong>, e que <strong>de</strong>la possa resultar algum mérito. Isso t<strong>em</strong> relação direta com<br />

a vida mo<strong>de</strong>rna. Nela, o hom<strong>em</strong> isolado das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s não t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

conservar quase nada na m<strong>em</strong>ória; procura até mesmo o esquecimento. Ele sabia o<br />

quanto à vivência do choque, sentida pelo transeunte na multidão, correspon<strong>de</strong> a<br />

vivência do operário com a máquina. Dessa relação violenta não há lugar para a<br />

experiência, mas apenas para a vivência:<br />

A l<strong>em</strong>brança é a relíquia secularizada. A l<strong>em</strong>brança é o compl<strong>em</strong>ento<br />

da “vivência”, nela se sedimenta a crescente auto-alienação do ser<br />

humano que inventariou seu passado como proprieda<strong>de</strong> morta. No<br />

século XIX, a alegoria saiu do mundo exterior para se estabelecer no<br />

mundo interior. A relíquia provém do cadáver, a l<strong>em</strong>brança da<br />

experiência morta, que, euf<strong>em</strong>isticamente, se intitula vivência. 40<br />

Encontramos <strong>em</strong> O Narrador o dil<strong>em</strong>a do hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno durante a<br />

passag<strong>em</strong> da Experiência “Erfahrung” para a Vivência “Erlebnis”, que valoriza a vida<br />

particular do indivíduo <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da vida coletiva que existia até então. Nesta<br />

passag<strong>em</strong> predomina a solidão. O hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno se torna vítima da civilização<br />

40 BENJAMIN, Walter. Parque Central. In: Obras escolhidas III: Charles Bau<strong>de</strong>laire, um<br />

lírico no auge do capitalismo. Trad.: José Carlos Martins Barbosa e H<strong>em</strong>erson Alves<br />

Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 172.<br />

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