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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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Quando Benjamin fala <strong>de</strong> Orig<strong>em</strong> e não <strong>de</strong> Gênese, ele nos mostra que o<br />

termo Gênese dá idéia <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> histórica, algo que para ele não é verda<strong>de</strong>.<br />

No caso <strong>de</strong> Orig<strong>em</strong>, ela surge <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong> da ruptura messiânica da<br />

história; na perspectiva <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong>scontinua, a única que é verda<strong>de</strong>iramente<br />

dialética. Não se po<strong>de</strong>, portanto, falar <strong>de</strong> gênese, que supõe o vir-a-ser e o<br />

enca<strong>de</strong>amento causal, e sim orig<strong>em</strong>, que supõe um salto além <strong>de</strong> qualquer<br />

processo.<br />

Neste ponto, já encontramos aquilo que nas Teses da História <strong>de</strong>terminará<br />

sua crítica ao historicismo, a negação <strong>de</strong> uma interpretação histórica, <strong>em</strong> que o<br />

objeto histórico <strong>de</strong>ve ser libertado do fluxo da história continua, salvo sobre a forma<br />

<strong>de</strong> um objeto-mônada. Ele não interpreta o termo Orig<strong>em</strong> partindo do vir-a-ser<br />

daquilo que se origina, e sim como algo que <strong>em</strong>erge do vir-a-ser e da extinção. Por<br />

isso, suas Teses da História findam com a idéia messiânica.<br />

O referido autor não aceita a interpretação da história como algo linear. Para<br />

ele, essa idéia <strong>de</strong> progresso na verda<strong>de</strong> busca escon<strong>de</strong>r as mazelas e injustiças<br />

cometidas na história.<br />

Ao recorrer à m<strong>em</strong>ória como instrumento <strong>de</strong> consciência histórico-social, ele<br />

preten<strong>de</strong> que a filosofia abranja a totalida<strong>de</strong> da experiência, chegando a <strong>de</strong>finir a<br />

experiência filosófica como experiência da verda<strong>de</strong>.<br />

Esta é a razão por que seus estudos vão <strong>de</strong> encontro aos objetos da cultura<br />

(literatura, cin<strong>em</strong>a, fotografia) e da formação do sujeito a partir da linguag<strong>em</strong> e da<br />

m<strong>em</strong>ória. Isso <strong>em</strong> Benjamin é o que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> histórica.<br />

Habermas compreen<strong>de</strong>u o que representava uma dívida do presente com o passado<br />

no pensamento <strong>de</strong> Benjamin, quando diz:<br />

34 Op. cit. p.25.<br />

O que Benjamin t<strong>em</strong> <strong>em</strong> mente é a noção sumamente profana <strong>de</strong><br />

que o universalismo ético t<strong>em</strong> também <strong>de</strong> levar a sério toda a<br />

injustiça já cometida e, como é evi<strong>de</strong>nte, irreversível; é a noção <strong>de</strong><br />

que existe uma solidarieda<strong>de</strong> dos que nasceram mais tar<strong>de</strong> com<br />

aqueles que os prece<strong>de</strong>ram, como todos aqueles que alguma vez<br />

tenham sido porventura lesados na sua integrida<strong>de</strong> física ou pessoal<br />

por ação do Hom<strong>em</strong>, e <strong>de</strong> que essa solidarieda<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> ser<br />

test<strong>em</strong>unhada e posta <strong>em</strong> prática através da r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração. A força<br />

libertadora da m<strong>em</strong>ória não <strong>de</strong>ve servir aqui, como se verificou <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Hegel até Freud, para resgatar o po<strong>de</strong>r do passado exercido sobre o<br />

presente, mas sim resgatar uma dívida do presente para com o<br />

passado. 34<br />

36

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