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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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Benjamin <strong>de</strong>sejava uma socieda<strong>de</strong> s<strong>em</strong> classes, vivendo <strong>em</strong> harmonia, <strong>em</strong><br />

que o respeito pela vida prevalecesse. Sua opinião é <strong>de</strong> que a narração oral está<br />

ligada às condições <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> artesanal, pré-industrial, on<strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> se<br />

relaciona com a natureza. Ele era fascinado pelo pensamento romântico,<br />

pensamento este que valorizava essa relação:<br />

Transmissão oral da experiência, portadora da sabedoria ancestral;<br />

distância espacial ou t<strong>em</strong>poral conferindo ao relato a aura do<br />

longínquo; autorida<strong>de</strong> da morte, <strong>de</strong> uma história “natural” <strong>em</strong> que se<br />

inscreve o <strong>de</strong>stino das criaturas. Essas condições são golpeadas<br />

pela vida mo<strong>de</strong>rna <strong>em</strong> que reina a exigência da proximida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

interesse imediato, a comunicação por intermédio dos meios técnicos<br />

ou literários, a dissimulação higiênica da morte. 26<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, a narração oral aos poucos per<strong>de</strong> seu<br />

sentido - a troca <strong>de</strong> experiências transmitida oralmente e vinculada à vida cotidiana<br />

encontra espaço naquele momento na literatura. Por isso, ele diz que a forma que<br />

ratifica o <strong>de</strong>clínio da narração é o surgimento do romance. No texto sobre Charles<br />

Bau<strong>de</strong>laire, ele faz uma radiografia histórico-filosófica <strong>de</strong> Paris do Segundo Império,<br />

<strong>em</strong> que constata que as transformações ocorridas na cida<strong>de</strong> são provenientes do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do capitalismo e da velocida<strong>de</strong> da informação. Ele escreve que<br />

durante um século e meio a ativida<strong>de</strong> literária cotidiana se movera <strong>em</strong> torno dos<br />

periódicos, para a partir <strong>de</strong> 1830 as belas letras lograr<strong>em</strong> um mercado nos diários. A<br />

Revolução <strong>de</strong> Julho trouxe alterações na imprensa com o surgimento do folhetim:<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, a informação curta e brusca começou a fazer<br />

concorrência ao relato comedido. Recomendava-se pela sua<br />

utilida<strong>de</strong> mercantil. O assim chamado “reclame” abria passag<strong>em</strong>; por<br />

esse termo se entendia uma nota, autônoma na aparência, mas, na<br />

verda<strong>de</strong>, paga pelo editor e com a qual, na seção redacional, se<br />

chamava a atenção para um livro que, na véspera ou naquele<br />

mesmo número, fora objeto <strong>de</strong> anúncio. 27<br />

As transformações que ocorreram neste período levaram os indivíduos a uma<br />

nova percepção da realida<strong>de</strong>. O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser aquele <strong>de</strong>terminado pela<br />

natureza e passa a ser fundamentado no ritmo das máquinas. A comunicação, que<br />

26 Op.cit. p. 257.<br />

27 BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas III: Charles Bau<strong>de</strong>laire um lírico no auge do<br />

capitalismo. Trad.: José Carlos Martins Barbosa e H<strong>em</strong>erson Alves Baptista. São Paulo:<br />

Brasiliense, 1995. p. 23.<br />

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