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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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que não se falou ont<strong>em</strong> termina <strong>em</strong> revolução. A linguag<strong>em</strong> que não<br />

se po<strong>de</strong> falar no dia <strong>de</strong> amanhã traz a <strong>de</strong>cadência. 24<br />

Benjamin também acredita que a violência é resultado da falta <strong>de</strong> diálogo. Ele<br />

interpreta a conversa como sendo uma técnica <strong>de</strong> mútuo entendimento civil, on<strong>de</strong><br />

um acordo não violento é possível, até mesmo a eliminação do principio da violência.<br />

Essa experiência dialógica começa pela narração oral, <strong>em</strong> que narrador e ouvinte se<br />

aproximam através da voz.<br />

Na verda<strong>de</strong>, a voz é presença como informa Paul Zumthor <strong>em</strong> Escritura e<br />

nomadismo. A transmissão <strong>de</strong> um conhecimento através da voz (narração oral)<br />

implica uma ligação concreta, uma imediaticida<strong>de</strong>, uma troca corporal através do<br />

olhar ou do gesto. A voz s<strong>em</strong>pre exerceu no meio humano uma função importante,<br />

mas com o surgimento da imprensa vai aos poucos per<strong>de</strong>ndo sua importância, como<br />

observou o Benjamin.<br />

O que representa a narração para ele? É uma experiência existencial do<br />

hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma tradição que parte da m<strong>em</strong>ória, <strong>em</strong> que a narração oral é<br />

fundamental para a troca <strong>de</strong> experiências.<br />

Da relação entre narrador e ouvinte existe o interesse <strong>em</strong> conservar o que foi<br />

narrado. Para Benjamin, a narração não esta condicionada apenas à voz humana,<br />

mas faz parte <strong>de</strong>la a mão com seus gestos aprendidos na experiência do trabalho,<br />

que <strong>de</strong> várias formas sustenta o fluxo do que é dito. A matéria do narrador é a vida<br />

humana.<br />

A riqueza presente na narração oral não está apenas na voz <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> narra,<br />

mas na paciência <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ouve. O dom <strong>de</strong> ouvir é parte da comunida<strong>de</strong> dos<br />

ouvintes. Portanto, a experiência narrativa é um chamado ao diálogo. Ao contrapor a<br />

narração à informação, Benjamin compreen<strong>de</strong> que a informação não se pren<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

momento algum à r<strong>em</strong>iniscência, pelo contrário, a informação só t<strong>em</strong> valor no<br />

momento <strong>em</strong> que é nova.<br />

Ela vive nesse momento <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>, precisa entregar-se inteiramente a ele,<br />

e lutando contra o t<strong>em</strong>po t<strong>em</strong> que se explicar nele. Com a consolidação da<br />

burguesia, que t<strong>em</strong> na imprensa um dos seus instrumentos mais importantes, a<br />

informação passa a <strong>de</strong>terminar o ritmo da comunicação.<br />

24 ROSENSTOCK-HUESSY, Eugen. A orig<strong>em</strong> da linguag<strong>em</strong>. Trad.: Pedro Setta Câmara,<br />

Marcelo De Polli Bezerra, Márcia Xavier <strong>de</strong> Brito e Maria Inês Panzoldo <strong>de</strong> Carvalho. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Record, 2002. p. 65.<br />

27

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