walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Com a fragilida<strong>de</strong> da experiência da linguag<strong>em</strong>, aquilo que Benjamin<br />
consi<strong>de</strong>ra por idéia ten<strong>de</strong> a esvaecer, ou transformar-se numa alienação contínua da<br />
linguag<strong>em</strong> pela linguag<strong>em</strong>. A cultura do progresso ten<strong>de</strong> a transformar a mat<strong>em</strong>ática<br />
<strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> universal, uma linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> resultados. Segundo ele, a idéia é<br />
mônada. Desta forma, cada uma carrega uma imag<strong>em</strong> abreviada do mundo:<br />
A idéia é mônada – nela resi<strong>de</strong>, preestabelecida, a representação<br />
dos fenômenos, como sua interpretação objetiva. Quanto mais alta a<br />
or<strong>de</strong>m das idéias, mais completa a representação nela contida.<br />
Assim o mundo real po<strong>de</strong>ria constituir uma tarefa, no sentido <strong>de</strong> que<br />
ele nos impõe a exigência <strong>de</strong> mergulhar tão fundo <strong>em</strong> todo o real,<br />
que se possa revelar-nos uma interpretação objetiva do mundo. Na<br />
perspectiva <strong>de</strong>ssa tarefa, não surpreen<strong>de</strong> que o autor da<br />
Monadologia tenha sido também o criador do cálculo infinitesimal. A<br />
idéia é mônada – isto significa, <strong>em</strong> suma, que cada idéia impõe como<br />
tarefa, portanto nada menos que a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ssa imag<strong>em</strong><br />
abreviada do mundo. 19<br />
Compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> enquanto conjunto, para <strong>de</strong>la levantar uma crítica<br />
das partes. Ele observa que o conceito <strong>de</strong> ser da ciência filosófica não se satisfaz<br />
com o fenômeno, mas somente com a absorção <strong>de</strong> toda sua história. Seu trabalho<br />
<strong>de</strong> interpretação efetiva abriga seu exercício <strong>de</strong> cont<strong>em</strong>plação filosófica. Ao<br />
interpretar a obra <strong>de</strong> arte e <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> arte (literatura, teatro, fotografia, cin<strong>em</strong>a),<br />
ele pratica a cont<strong>em</strong>plação filosófica, <strong>em</strong> que espera encontrar a força original <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>nominação que se per<strong>de</strong>u na história.<br />
Sua análise filosófica é hermenêutica. Valoriza a interpretação objetiva <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>trimento das observações <strong>de</strong>dutivas. O que importa é o fenômeno na perspectiva<br />
do seu termo messiânico. É essa totalida<strong>de</strong> que confere à idéia seu caráter <strong>de</strong><br />
mônada. Este conceito agrega o i<strong>de</strong>alismo especulativo <strong>de</strong> seu pensamento. Nele, o<br />
mundo das idéias é fundamentalmente <strong>de</strong>scontínuo, e a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> é essencial<br />
para a imag<strong>em</strong> dialética.<br />
Benjamin faz parte <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us al<strong>em</strong>ães que havia se<br />
<strong>de</strong>sencantado com a idéia <strong>de</strong> progresso, o horror da Primeira Guerra Mundial <strong>de</strong>ixou<br />
neles marcas profundas. Alguns como Adorno e Horkheimer acreditavam que a<br />
técnica estava a serviço da barbárie. É uma idéia ingênua, mas se observamos as<br />
circunstâncias da época faz sentido. Encontramos no aforismo A caminho do<br />
planetário, a indignação <strong>benjamin</strong>iana:<br />
19 Op.cit. p.70.<br />
22