09.05.2013 Views

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que a letra é o el<strong>em</strong>ento da escritura do mundo. A divinda<strong>de</strong> do único e infinito<br />

Orador perpassa todas as coisas, no ato contínuo da criação. As letras são<br />

configurações do po<strong>de</strong>r criador <strong>de</strong> Deus. Acredito que os diálogos entre Benjamin e<br />

seu amigo Gershom Schol<strong>em</strong> influenciaram profundamente seu estudo sobre a<br />

linguag<strong>em</strong>, pois seu estudo parte da seguinte idéia: o “espírito” não t<strong>em</strong> realida<strong>de</strong> a<br />

não ser sob a forma <strong>de</strong> símbolos, assim como a linguag<strong>em</strong> não po<strong>de</strong> ser<br />

compreendida <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> sujeito e <strong>de</strong> objeto. Ele diz:<br />

A essência lingüística das coisas é a sua linguag<strong>em</strong>. Esta frase,<br />

aplicada ao hom<strong>em</strong>, significa: a essência lingüística do hom<strong>em</strong> é a<br />

sua linguag<strong>em</strong>. Isto é, o hom<strong>em</strong> comunica a sua própria essência<br />

espiritual na sua linguag<strong>em</strong>. Mas, a linguag<strong>em</strong> do hom<strong>em</strong> fala por<br />

palavras. O hom<strong>em</strong> comunica, pois, a sua própria essência espiritual<br />

(na medida <strong>em</strong> que é comunicável), <strong>de</strong>nominando todas as coisas. 5<br />

Benjamin acreditava que a essência lingüística do hom<strong>em</strong> está no fato <strong>de</strong>le<br />

<strong>de</strong>signar as coisas: no nome a essência espiritual do hom<strong>em</strong> é transmitida a Deus.<br />

Ele toma o nome como sendo aquilo através do que nada mais se comunica e no<br />

qual a própria linguag<strong>em</strong> se comunica <strong>em</strong> absoluto. Afirma que a essência espiritual<br />

que se comunica é a linguag<strong>em</strong>. Observamos o quanto a mística da linguag<strong>em</strong><br />

judaica está presente na sua análise da linguag<strong>em</strong>:<br />

Na medida <strong>em</strong> que Benjamin <strong>de</strong>sinteressa-se da maior parte das<br />

funções cotidianas da linguag<strong>em</strong> para concentrar-se sobre a função<br />

“adâmica” e poética <strong>de</strong> nominação, ele não po<strong>de</strong> escapar,<br />

radicalmente, ao esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> um sujeito que nomeia e <strong>de</strong> um objeto<br />

que é nomeado. As conseqüências teóricas <strong>de</strong>sta ruptura incompleta<br />

com a filosofia do sujeito faz<strong>em</strong>-se sentir, sobretudo, quando<br />

Benjamin procura dar à sua teoria uma função social, quando o<br />

sujeito que nomeia esforça-se para mudar o curso da história. 6<br />

Acredito que a proposta presente <strong>em</strong> seu estudo da linguag<strong>em</strong> é uma análise<br />

teológica, <strong>em</strong> que a alegoria <strong>de</strong>termina seu ritmo. Ele busca conciliar a experiência<br />

mística da linguag<strong>em</strong> com a postura ética-religiosa dos Tzadikim. Dessa experiência<br />

com a linguag<strong>em</strong> ocorre a relação do hom<strong>em</strong> com Deus, que se reflete nas relações<br />

5 BENJAMIN, Walter. Sobre a linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral, sobre a linguag<strong>em</strong> humana In: Sobre<br />

arte, técnica, linguag<strong>em</strong> e política. Trad.: Maria Luz Mota, Maria Amélia Cruz e Manuel<br />

Alberto. Lisboa: Relógio d’ Água, 1992. p. 180.<br />

6 ROCHLITZ, Rainer. O <strong>de</strong>sencantamento da arte: a filosofia <strong>de</strong> Walter Benjamin. Trad.:<br />

Maria Elena Ortiz Assumpção. São Paulo: Edusc, 2003. p. 14.<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!