walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Nakhman. Para ele, a vinda do Messias está diretamente ligada a uma concepção<br />
individualista <strong>de</strong> fé, por isso, a re<strong>de</strong>nção messiânica será obra dos próprios homens.<br />
Pu<strong>de</strong> observar com este estudo que boa parte do pensamento <strong>de</strong> Benjamin é<br />
alimentada pelo seu interesse pela narração. O narrador não é apenas o que sabe,<br />
mas também o que guarda e transmite. A m<strong>em</strong>ória só existe ao lado do<br />
esquecimento. L<strong>em</strong>bramos aquilo que po<strong>de</strong>ria ter sido esquecido, mas não foi, e<br />
nosso <strong>de</strong>ver é não esquecer o que t<strong>em</strong> realmente valor. Ele propõe duas formas <strong>de</strong><br />
preservação da m<strong>em</strong>ória, uma é a citação representante da escrita, a outra é a<br />
narração oral.<br />
Des<strong>de</strong> os escritos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> até o último ensaio sobre a história Benjamin<br />
observa a idéia <strong>de</strong> uma jornada terrena do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> busca da salvação. É através<br />
<strong>de</strong> uma experiência com a linguag<strong>em</strong> que essa salvação po<strong>de</strong> ser conquistada. A<br />
linguag<strong>em</strong> é o lugar on<strong>de</strong> Deus se revela ao hom<strong>em</strong>. Por isso a experiência da<br />
linguag<strong>em</strong> é o local <strong>de</strong> encontro entre criador e criatura. A linguag<strong>em</strong> humana é um<br />
reflexo, uma reflexão da linguag<strong>em</strong> divina, que coinci<strong>de</strong> uma como a outra na<br />
revelação. Por isso o mundo da linguag<strong>em</strong> é o verda<strong>de</strong>iro mundo espiritual.<br />
Se optei por fazer uma análise <strong>de</strong> um aspecto do pensamento metafísico <strong>de</strong><br />
Benjamin é por reconhecer nele a força <strong>de</strong> sua filosofia. Para muitos ele foi um<br />
materialista, para outros um teólogo, mas uma coisa é certa, ele s<strong>em</strong>pre foi um<br />
místico. E místico aqui está associada à força da Cabala, que nele <strong>de</strong>ixou marcas<br />
profundas, como po<strong>de</strong>mos observar nos escritos aqui trabalhados. Se ele busca na<br />
história o local para a salvação do hom<strong>em</strong>, essa salvação <strong>de</strong>ve partir da linguag<strong>em</strong>,<br />
por isso linguag<strong>em</strong> e história se completam numa filosofia no mínimo original.<br />
O pensamento <strong>de</strong> Benjamin é uma obra aberta, <strong>de</strong> cada nova leitura surge<br />
um novo texto aos olhos, e <strong>de</strong> cada novo texto um novo leitor. Por isso, estudá-lo é<br />
um convite ao comentário, está é a razão que nos seus escritos ele possui um valor<br />
espiritual. Po<strong>de</strong>mos dizer o mesmo <strong>de</strong>ssa dissertação. Chegamos ao final e ela nos<br />
convida a uma nova leitura dos textos trabalhados com o objetivo <strong>de</strong> seguirmos<br />
adiante rumo a uma nova experiência com a linguag<strong>em</strong>. A mais cuidadosa leitura <strong>de</strong><br />
Benjamin não esgota a força <strong>de</strong> sua filosofia, pois ele continua <strong>em</strong> movimento <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> sua linguag<strong>em</strong> monádica. Finalizo com uma frase que sintetiza toda força <strong>de</strong> seu<br />
pensamento teológico e histórico que se encontra <strong>em</strong> Passagenwerk: “Meu<br />
pensamento se comporta com a teologia da mesma forma que o mata-borrão com a<br />
125