walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
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CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Esta dissertação se ocupou do estudo sobre a narração <strong>em</strong> Walter Benjamin.<br />
Busquei mostrar a relevância do t<strong>em</strong>a no seu pensamento como parte <strong>de</strong> uma<br />
história da re<strong>de</strong>nção humana, que começa nos primeiros estudos sobre a linguag<strong>em</strong><br />
e chega a sua filosofia da história. Por trás <strong>de</strong> suas análises encontra-se a alegoria.<br />
Benjamin é antes <strong>de</strong> tudo um alegorista. Ao reabilitar a alegoria ele busca reabilitar a<br />
história da t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong> e da morte da <strong>de</strong>scrição da linguag<strong>em</strong> humana. A alegoria<br />
possibilita ao leitor interpretar o texto e a si mesmo. Na leitura alegórica não l<strong>em</strong>os<br />
apenas o texto do autor n<strong>em</strong> o autor do texto, mas o autor que ele se torna por meio<br />
do texto. Essa experiência da interpretação possibilita o exercício da subjetivida<strong>de</strong>,<br />
algo que para Benjamin é fundamental para a formação do hom<strong>em</strong>. S<strong>em</strong> a força da<br />
alegoria, o pensamento <strong>benjamin</strong>iano não po<strong>de</strong>ria conciliar história e teologia, para a<br />
partir daí esboçar uma possível história da salvação.<br />
A alegoria é um índice da história que po<strong>de</strong>ria ter sido, mas não foi. Ela é a<br />
manifestação e <strong>de</strong>núncia implícita do reprimido. Por isso a importância da figura do<br />
narrador, do cronista, e do Anjo da História. Eles carregam palavras <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias<br />
contra as injustiças cometidas no mundo. A alegoria é incapaz <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r toda a<br />
idéia que nela procura se expressar, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> expressar toda a idéia que nela se<br />
manifesta. Tanto a formulação quanto a exegese da alegoria são impensáveis um<br />
s<strong>em</strong> o outro, eles se completam. Por isso encontramos nos textos trabalhados na<br />
dissertação a presença <strong>de</strong> figuras alegóricas.<br />
Seguindo atentamente o pensamento <strong>benjamin</strong>iano po<strong>de</strong>mos finalmente dizer<br />
que o estudo sobre a narração parece se encontrar numa dimensão <strong>de</strong> abertura. Na<br />
narrativa tradicional a abertura se apóia na plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido que se <strong>de</strong>sdobra na<br />
força da interpretação. O que a teologia nos ensina, particularmente na mística<br />
judaica, é que o passado <strong>de</strong>seja ser resgatado, no momento <strong>em</strong> que <strong>de</strong>seja sua<br />
reparação, já que a história não está terminada. A experiência da leitura <strong>de</strong> textos<br />
sagrados se une a experiência do narrador antigo possibilitando uma abertura da<br />
história. Essa força também está presente na alegoria que enquanto abertura<br />
possibilita diversas interpretações do objeto. É <strong>de</strong>ssa aproximação entre narração e<br />
alegoria que o estudo da narração passa por uma análise da alegoria.<br />
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