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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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119<br />

A filosofia, segundo a única maneira pela qual ela ainda po<strong>de</strong> ser<br />

assumida responsavelmente <strong>em</strong> face do <strong>de</strong>sespero, seria a tentativa<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar todas as coisas tais como elas se apresentariam a<br />

partir <strong>de</strong> si mesmas do ponto <strong>de</strong> vista da re<strong>de</strong>nção. O conhecimento<br />

não t<strong>em</strong> outra luz além daquela que, a partir da re<strong>de</strong>nção, dirige seus<br />

raios sobre o mundo: tudo o mais exaure-se na reconstrução e<br />

permanece uma parte da técnica. Seria produzir perspectivas nas<br />

quais o mundo analogamente se <strong>de</strong>sloque, se estranhe, revelando<br />

suas fissuras e fendas, tal como um dia, indigente e <strong>de</strong>formado,<br />

aparecerá na luz messiânica. 153<br />

Esse mundo carente <strong>de</strong> heróis é a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Se tudo parece perdido,<br />

ainda assim existe esperança, no narrador, no cronista, ou no justo. Figuras<br />

alegóricas que carregam uma enorme força teológica. Ao buscar personagens<br />

alegóricos, Benjamin confirma a força da alegoria como sendo aquela que na ótica<br />

alegórica, o mundo profano sofre simultaneamente uma elevação a um plano<br />

superior e uma <strong>de</strong>svalorização na história. A essa dialética religiosa do conteúdo<br />

correspon<strong>de</strong>, formalmente, a dialética entre convenção e expressão. Já que a<br />

alegoria é ao mesmo t<strong>em</strong>po uma e outra, e ambas são contraditórias por natureza.<br />

A escrita alegórica resulta da luta entre a intenção teológica e a artística. Essa<br />

idéia está presente <strong>em</strong> seu estudo sobre o barroco, como na obra <strong>de</strong> Kafka, que<br />

tanto o seduziu. Como observou Rochlitz, a passag<strong>em</strong> do espírito à letra aproxima a<br />

filosofia e a literatura. Nesse ponto, a obra literária é por excelência, o médium no<br />

qual o espírito não t<strong>em</strong> existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da letra. A alegoria constrói a ponte<br />

entre o céu e a terra no pensamento <strong>benjamin</strong>iano. Nele a alegoria possui uma força<br />

prepon<strong>de</strong>rante, já que tão somente ela po<strong>de</strong> dar expressão as suas idéias<br />

metafísicas.<br />

Po<strong>de</strong>mos concluir que o único fundamento da verda<strong>de</strong>ira consciência que<br />

Benjamin consi<strong>de</strong>ra é a or<strong>de</strong>m ética e racional. A gran<strong>de</strong>za moral, o radicalismo<br />

ético, a sensibilida<strong>de</strong> humanista e a aspiração revolucionária <strong>em</strong> seu pensamento<br />

levam a uma crítica lúcida do seu t<strong>em</strong>po. A história recente mostrou s<strong>em</strong> dúvida que<br />

ele tinha razão e quanto suas observações continuam atuais. Nesse ponto o<br />

conceito <strong>de</strong> essência humana como fundamento ético converge numa práxis<br />

revolucionária. Ele nunca escon<strong>de</strong>u seu engajamento <strong>em</strong> relação a certas posições<br />

morais e políticas; recusando o mito confortável <strong>de</strong> um conhecimento “neutro” da<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

153 ADORNO, Theodor. Minima moralia. 2. ed. Trad.: Luiz Eduardo Bicca. São Paulo: Ática,<br />

1993. p. 215-216.

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