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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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pensamento. Para isso, ele faz uso da m<strong>em</strong>ória ao lidar com três personagens <strong>em</strong><br />

que a r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração é fundamental para suas vidas. Rochlitz ao analisar o Apêndice<br />

B, observa que:<br />

116<br />

Por oposição ao t<strong>em</strong>po mítico dos adivinhos que preten<strong>de</strong>m predizêlo,<br />

ele imagina um futuro <strong>em</strong> que “cada segundo seria a porta estreita<br />

pela qual passaria o Messias”. Benjamin reinvidica esta tradição<br />

judaica para uma teoria da história que é, sobretudo, voltada para o<br />

passado. Precisamente, “a Torá e a prece”, segundo Benjamin,<br />

ensinam aos ju<strong>de</strong>us a “r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração”, e aqui interpretada como<br />

m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> um “passado <strong>de</strong> opressão”. O judaísmo simboliza,<br />

assim, um pensamento que não é prisioneiro <strong>de</strong>sse fetichismo do<br />

futuro que caracteriza o culto mo<strong>de</strong>rno do progresso, secularização<br />

<strong>de</strong> um milenarismo cristão. Sua espera do Messias, que preenche<br />

todo o t<strong>em</strong>po do futuro, converteu-se <strong>em</strong> presença <strong>de</strong> espírito<br />

apo<strong>de</strong>rando-se da “situação revolucionária”. Qualquer que seja<br />

legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma tal interpretação que faz da intervenção vigilante<br />

do historiador a chave do presente e do futuro, ela caracteriza, do<br />

início ao fim, o curto-circuito entre teologia e política revolucionária<br />

que é a marca das Teses. 150<br />

Sua revolução, ao partir da m<strong>em</strong>ória a toma não como um instrumento para a<br />

exploração do passado, mas como seu meio. Assim, no momento <strong>em</strong> que a história<br />

é analisada pelo cronista, seu ato quase atinge o aspecto sagrado do comentário no<br />

judaísmo. O passado é o meio on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a vivência para ele. Qu<strong>em</strong> busca se<br />

aproximar do seu próprio passado enterrado <strong>de</strong>ve agir como um hom<strong>em</strong> que escava.<br />

No entanto, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre encontramos o que procurávamos. É por isso que apenas<br />

os que não t<strong>em</strong> culpa po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senterrar a história <strong>em</strong> busca da verda<strong>de</strong>. É nesse<br />

ponto que sua análise da história conclui sua proposta <strong>de</strong> um estudo sobre a<br />

linguag<strong>em</strong>. O ato <strong>de</strong> nomear através da citação se converte na única forma possível<br />

<strong>de</strong> lidar com o passado, s<strong>em</strong> o auxilio da tradição. Essa experiência da linguag<strong>em</strong><br />

presente na narração oral possibilita não apenas a transmissão da história, mas a<br />

preservação <strong>de</strong> sua integrida<strong>de</strong>.<br />

No momento <strong>em</strong> que nosso passado se torna questionável, a linguag<strong>em</strong> se<br />

revela através do cronista, pois nela o passado está contido <strong>de</strong> modo ineliminável.<br />

Benjamin não se pren<strong>de</strong> a uma análise da linguag<strong>em</strong>, apenas busca nela seu<br />

aspecto fragmentário, on<strong>de</strong> está presente a essência do mundo. Para ele, a verda<strong>de</strong><br />

150 Op. cit. p. 316.

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