walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
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momento <strong>em</strong> que lutarmos pela vinda do Messias, se assim não for ele se tornará<br />
apenas um passado prolongado: “A eternida<strong>de</strong> como um momento no piscar <strong>de</strong> um<br />
olho. É que vendo a luz da qual Deus separou na criação <strong>de</strong> acordo com os Rabinos<br />
que assim estabeleceram uma conexão profunda com a criação e a revelação <strong>de</strong>ntro<br />
do conceito <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção”. 147<br />
O t<strong>em</strong>po-<strong>de</strong>-agora Jetztzeit prefigura o t<strong>em</strong>po messiânico, um t<strong>em</strong>po on<strong>de</strong> a<br />
verda<strong>de</strong> universal se manifesta através do Messias. Esse t<strong>em</strong>po po<strong>de</strong> ser<br />
representado pela idéia <strong>de</strong> mônada. Para Leibniz, a mônada é um átomo espiritual,<br />
uma substância <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> partes ou <strong>de</strong> extensão, portanto indivisível. Por ser<br />
eterna, somente Deus po<strong>de</strong> criá-la ou anulá-la. Dessa forma, cada mônada se<br />
diferencia uma das outras, já que na natureza não existe dois seres perfeitamente<br />
iguais. A totalida<strong>de</strong> das mônadas constitui o universo. A mônada messiânica é um<br />
breve minuto <strong>de</strong> plena posse da história, que prefigura o todo, a humanida<strong>de</strong><br />
libertada, a história da salvação. Essa mônada, esse breve momento, é o resumo <strong>de</strong><br />
toda a história da humanida<strong>de</strong> como sendo a história da luta dos oprimidos. Por<br />
outro lado, enquanto interrupção messiânica dos acontecimentos, esse ato<br />
representa a história da salvação.<br />
Para Benjamin, a vinda do Messias seria somente a sanção religiosa <strong>de</strong> uma<br />
auto-re<strong>de</strong>nção humana, ou a precondição para a era messiânica <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />
absoluta. Nesse ponto, o <strong>em</strong>bate dialético entre <strong>em</strong>ancipação humana e re<strong>de</strong>nção<br />
messiânica, prepara o hom<strong>em</strong> para o t<strong>em</strong>po messiânico. No entanto, essa<br />
experiência abre para um ponto importante que é o da existência <strong>de</strong> uma teologia<br />
negativa. Essa idéia já estava presente na obra <strong>de</strong> Kafka, e influenciou muito o<br />
pensamento teológico <strong>de</strong> Benjamin. Se existe a presença <strong>de</strong> uma teologia negativa<br />
<strong>em</strong> Kafka (seu objeto é a não-presença <strong>de</strong> Deus no mundo e a não-re<strong>de</strong>nção dos<br />
homens), <strong>em</strong> Benjamin ela se torna uma utopia negativa, on<strong>de</strong> os oprimidos<br />
concentram sua força re<strong>de</strong>ntora através do seu espírito revolucionário. Tanto a<br />
teologia negativa quanto a utopia negativa se fun<strong>de</strong>m numa forma muito particular<br />
<strong>de</strong> anarquismo, um anarquismo metafísico religioso presente no pensamento<br />
<strong>benjamin</strong>iano como afirma Lowy:<br />
147 Ibid, p. 253.<br />
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