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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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No momento <strong>em</strong> que interpretamos o estudo sobre a narração como parte<br />

das Teses da História reconhec<strong>em</strong>os que ela é o resultado final tanto da atrofia da<br />

experiência como da ausência <strong>de</strong> diálogo. É aquilo que Benjamin chama <strong>de</strong> perda<br />

<strong>de</strong> um mundo ético. A tradição profética judaica subverte o or<strong>de</strong>namento tranqüilo do<br />

discurso estabelecido, exige do hom<strong>em</strong> uma postura moral diante <strong>de</strong> um mundo<br />

esfacelado pela indiferença, ao convocar cada leitor a repensar seu papel na<br />

história. Nesse sentido não é somente o futuro e o presente que permanec<strong>em</strong><br />

abertos na interpretação <strong>benjamin</strong>iana, mas também o passado. O passado está <strong>em</strong><br />

aberto no momento que exige sua leitura.<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte, que o messianismo é um dos principais focos espirituais do<br />

pensamento <strong>de</strong> Benjamin, é mais que uma teoria trata-se <strong>de</strong> uma fé profundamente<br />

enraizada. Essa fé se manifesta não apenas nos seus escritos <strong>de</strong> caráter teológicos<br />

(Sobre a linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral, sobre a linguag<strong>em</strong> humana, A tarefa do tradutor e O<br />

ensino da moral), mas também nos seus ensaios literários, por ex<strong>em</strong>plo, Afinida<strong>de</strong>s<br />

Eletivas <strong>de</strong> Goethe, on<strong>de</strong> no final ele trata do “mistério da esperança”, a esperança<br />

<strong>de</strong> um “mundo b<strong>em</strong> aventurado” e da re<strong>de</strong>nção. No entanto, a teologia messiânica<br />

só aparece explicitamente no seu último escrito. Lowy escreve:<br />

109<br />

No momento do pacto germano-sovietico, a esperança da re<strong>de</strong>nção<br />

parece fugir do mundo histórico para se refugiar na transcendência.<br />

Uma análise aprofundada <strong>de</strong>ssas “Teses” escapa ao quadro histórico<br />

<strong>em</strong> que nos colocamos (1905-1923), mas elas constitu<strong>em</strong> ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po, a síntese e o coroamento <strong>de</strong> todo pensamento <strong>de</strong> Benjamin.<br />

Trata-se na nossa opinião, <strong>de</strong> uma das manifestações mais<br />

fulgurantes, na filosofia política do século XX, da visão messiânicorevolucionária<br />

e utópico-restauradora. 142<br />

Inspirado pelo romantismo, Benjamin ataca o mito do progresso, mito no qual<br />

sucumbiram os dirigentes stalinistas do movimento comunista, que durante muito<br />

t<strong>em</strong>po lutaram contra o fascismo, e que traíram sua própria causa ao assinar o pacto<br />

germano-sovietico com Hitler. Assim como a social-<strong>de</strong>mocracia, cujo reformismo t<strong>em</strong><br />

por idéia <strong>de</strong> progresso o domínio sobre a natureza, que encontra no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento técnico a direção indicada pelo progresso. Para sintetizar sua<br />

crítica, faz uso do Anjo da História. A t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong> afasta a humanida<strong>de</strong> do Paraíso<br />

perdido, e o “progresso” histórico não passa <strong>de</strong> um imenso campo <strong>de</strong> ruínas. Para<br />

142 Op. cit. p. 171.

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