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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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não é completamente pleno <strong>de</strong> Deus e, portanto, on<strong>de</strong> o mundo po<strong>de</strong> surgir – e<br />

também o mal. Cada ser se enraíza na tensão existente entre <strong>em</strong>anação da luz<br />

divina e a contração divina. A luz <strong>de</strong> Deus atinge com tal força suas criaturas, que<br />

estas, s<strong>em</strong>elhantes a vasos frágeis, impotentes frente à violência da corrente que as<br />

preenche, se esfacelam:<br />

102<br />

A salvação é então compreendida como libertação do exílio e<br />

restauração da unida<strong>de</strong> primeira. Esse processo, o Tikkun, se conclui<br />

com a chegada do Messias. Aí, a participação humana varia <strong>de</strong><br />

acordo com a tradição judaica e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> principalmente da<br />

importância concedida à dimensão moral ou à dimensão apocalíptica<br />

na história da salvação. Essa doutrina mística, que Benjamin<br />

conhecia por intermédio <strong>de</strong> conversas com o amigo Schol<strong>em</strong>, a meu<br />

ver parece ter <strong>de</strong>ixado traços profundos <strong>em</strong> sua concepção da<br />

história. Para ele, também, o mundo está <strong>em</strong> pedaços e a história se<br />

ass<strong>em</strong>elha a um “amontoado <strong>de</strong> ruínas”. A salvação não consiste <strong>em</strong><br />

uma recriação inteiramente nova, mas <strong>em</strong> um longo e paciente<br />

recolhimento <strong>de</strong>sses pedaços perdidos e dispersos. 132<br />

Benjamin parte <strong>de</strong> uma interpretação mística on<strong>de</strong> concilia revelação, história<br />

e re<strong>de</strong>nção. A revelação está presente no momento da criação do mundo, on<strong>de</strong><br />

Deus revela sua vonta<strong>de</strong>, mas da revelação da vonta<strong>de</strong> divina segue a<br />

<strong>de</strong>sobediência e com ela a queda ou perda da língua adâmica. A história que surge<br />

<strong>de</strong>ssa queda é o inicio <strong>de</strong> uma era <strong>de</strong> caos. Dessa <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>nção espreita cada ato da vida humana, e um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma experiência com a<br />

linguag<strong>em</strong>, a única que é parte da obra da re<strong>de</strong>nção: a linguag<strong>em</strong> adâmica.<br />

Segundo ele a história é o local <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção. No entanto, a re<strong>de</strong>nção não é<br />

garantida, ela apenas aponta como uma possibilida<strong>de</strong> muito pequena que é preciso<br />

saber agarrar no momento certo. A relação entre narrador e história ganha força no<br />

cronista, é ele que t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> contar não apenas a história, mas principalmente<br />

a verda<strong>de</strong>. Assim, o cronista é aquele que através da r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração faz justiça às<br />

vitimas do passado. No momento <strong>em</strong> que escreve uma nova história, ele é o seu<br />

narrador.<br />

132 Op. cit. p. 76-77.

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