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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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força cooperadora messiânica. Para Benjamin, essa dualida<strong>de</strong> parece suprimida.<br />

Deus está ausente, e a tarefa messiânica encontra-se nas mãos humanas. A<br />

doutrina da vinda do messias, seguida <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>nção, se esten<strong>de</strong> para outras<br />

formas do pensamento religioso, até que finalmente passa a influenciar todo o<br />

conjunto da teologia e da ética.<br />

É <strong>de</strong>ssa fonte que Benjamin bebe ao <strong>de</strong>scobrir o pensamento <strong>de</strong> Isaac Luria.<br />

Seu pensamento cabalístico teve uma influência marcante na filosofia <strong>de</strong> Benjamin,<br />

<strong>em</strong> particular sua idéia <strong>de</strong> Schevirá ha-Keilim ou “quebra dos vasos”. Essa idéia foi<br />

<strong>de</strong>senvolvida por Luria <strong>de</strong> um modo original a partir <strong>de</strong> uma sugestão feita pelo livro<br />

Zohar. A imag<strong>em</strong> da ruptura dos vasos representa a profunda relação entre história<br />

e exílio. Para ele, o dia da criação, marca a passag<strong>em</strong> do predomínio da plenitu<strong>de</strong><br />

divina, <strong>de</strong> um espaço ocupado pelo inominável, ao inicio <strong>de</strong> uma era <strong>de</strong> caos que se<br />

i<strong>de</strong>ntifica com o surgimento do mundo, e também da historia, com a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m<br />

original, que faz parte a <strong>de</strong>sintegração da linguag<strong>em</strong> original (adâmica). Da ruptura<br />

<strong>de</strong> todas as coisas surge a necessida<strong>de</strong> da tradução, coincidindo com o nascimento<br />

da história. O conceito <strong>benjamin</strong>iano <strong>de</strong> história enquanto catástrofe, marcada pela<br />

divisão e ruptura, está implícita nos seus estudos sobre a tradução. É o que l<strong>em</strong>os<br />

<strong>em</strong> A tarefa do tradutor:<br />

101<br />

Assim como os múltiplos fragmentos <strong>de</strong> um vaso quebrado não são<br />

iguais, mas sim correspon<strong>de</strong>ntes, da mesma maneira a tradução não<br />

<strong>de</strong>ve tentar se ass<strong>em</strong>elhar ao sentido original, mas aproximar-se<br />

amorosamente <strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong> suas partes da forma <strong>de</strong> expressão<br />

original a fim <strong>de</strong> torná-los reconhecíveis como fragmentos <strong>de</strong> um<br />

vaso ou fragmentos <strong>de</strong> uma linguag<strong>em</strong> superior. 131<br />

A filosofia da história <strong>de</strong> Benjamin <strong>em</strong>prega uma noção <strong>de</strong> salvação (Rettung)<br />

on<strong>de</strong> marxismo e teologia se fun<strong>de</strong>m. A idéia <strong>de</strong> libertação necessária da classe<br />

dominada une-se à doutrina judaica da re<strong>de</strong>nção. No prefacio <strong>de</strong> A Orig<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

drama barroco al<strong>em</strong>ão, ele recorre à tradição mística luriana, para explicar a relação<br />

entre crítica e re<strong>de</strong>nção. A mística luriana po<strong>de</strong> ser interpretada como uma tentativa<br />

<strong>de</strong> resposta à expulsão dos ju<strong>de</strong>us da Espanha <strong>em</strong> 1492, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra a relação<br />

entre exílio e re<strong>de</strong>nção. Jeanne Marie observa que três momentos principais<br />

marcam a história da Criação e da Salvação: Zimzum, uma espécie <strong>de</strong> contração, <strong>de</strong><br />

autolimitação <strong>de</strong> Deus, permite o nascimento <strong>de</strong> um espaço original que agora já<br />

131 Op. cit. p. 78.

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