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escritor trabalha em muitos textos a noção panteísta de que o todo está<br />

em todas as partes e qualquer coisa é todas as coisas. Muito desse<br />

pensamento encontra-se no neoplatonismo do egípcio Plotino (c. 205-<br />

270) e também no sufismo. Para Plotino, “A natureza do Uno é geradora<br />

de todas as coisas, razão por que não é nenhuma delas”. 136 Não é<br />

nenhuma no sentido de que todas são posteriores a ela e é todas porque<br />

todas derivam dela. 137 Por sua vez, influenciado por Plotino, o sufismo<br />

afirma algo semelhante: Deus é uma unidade que não se concebe fora de<br />

Si mesma, Ele é incomparável, distinto de toda coisa manifestada, sem,<br />

entretanto, que nada possa se situar fora ou ao lado Dele. 138<br />

90<br />

Assim, o panteísmo contribuiu para que Borges trabalhasse<br />

intensamente em sua obra a suposição de que um homem é parte do todo<br />

e de que o todo está em cada homem, já que tudo pode ser tudo. Logo,<br />

não foi difícil ao escritor minar a identidade de seus personagens para<br />

tentar demonstrar que um homem é todos os homens e que ninguém é<br />

alguém. Em “La forma de la espada”, de Ficciones, o delator Vincent<br />

Moon fala: “yo soy los otros, cualquier hombre es todos los hombres,<br />

Shakespeare es de algún modo el miserable John Vincent Moon.” 139 O<br />

mesmo se dá com Marco Flamínio, de “El inmortal”, que é Homero, um<br />

copista ou criador anônimo das Noites, o velho antiquário Joseph<br />

Cartaphilus, mas que, como homem pluralizado, também poderia ser<br />

Borges ou o seu leitor. Assim, no poema em prosa “Everything and<br />

136 PLOTINO apud ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Plotino: um estudo das Enéadas. 2. ed.<br />

Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p. 18.<br />

137 Id. Ibid., p. 20.<br />

138 BUCKHARDT, Titus. Introduction to Sufi doctrine. Bloomington: World Wisdom, 2008,<br />

p. 17.<br />

139 BORGES. Ficciones, OC1, p. 493.

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