08.05.2013 Views

PDF(3.4 MB) - PGET - UFSC

PDF(3.4 MB) - PGET - UFSC

PDF(3.4 MB) - PGET - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

88<br />

Em Borges, portanto, para se decifrar o mundo há que se buscar<br />

a sua essência ordenadora. Desse modo, em “Metáforas de Las mil y una<br />

noches”, a essência ordenadora do mundo de Šahrāzād é intuída por ele<br />

nas simetrias, que primordialmente se configuram como repetições dos<br />

números sete e três dentro das histórias e do que esses números repetem:<br />

“los siete hermanos y los siete viajes,/ los tres cadíes y los tres deseos/<br />

de quien miró la Noche de las Noches,/ la negra cabellera enamorada/ en<br />

que el amante ve tres noches juntas,/ los tres visires y los tres castigos”<br />

(v. 36-41). 131 A estes exemplos de simetria poderíamos somar mais<br />

alguns outros observados pelo escritor, porém independentes de<br />

repetições numéricas, listados no prólogo de suas Le mille e una notte<br />

secondo Galland: “las mutilaciones, las metamorfosis de cuerpos<br />

humanos en animales, la hermosura de las princesas, la pompa de los<br />

reyes, los talismanes mágicos, los genios todopoderosos que son<br />

esclavos del capricho de un hombre.” 132<br />

A predominância de citações com o número três nos versos de<br />

Borges se justifica por um motivo simples: ele é muito mais abundante<br />

nas Noites do que o sete. A preferência dos orientais por cifras ímpares<br />

no livro dê-se talvez por razões de ordem prática, já que enumerações<br />

ternárias são mais comuns, verossímeis e fáceis de se administrar em<br />

uma narrativa, e por razões simbólicas.<br />

Como superstição, o número três e seus múltiplos sempre<br />

representaram para Borges cifras de bom agouro, ao contrário do quatro,<br />

o qual ele tinha convicção de lhe trazer má sorte. 133<br />

131 Id. Historia de la noche, OC3, p. 169-170.<br />

132 Id. Prólogos de la Biblioteca de Babel, p. 119-120.<br />

133 Id. O dicionário de Borges, p. 194.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!