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noite e matá-la no dia seguinte. As mortes são interrompidas pela<br />

intervenção de ³ahrāzād, que com sucesso coloca em prática a estratégia<br />

de adiar sua execução com a narração de histórias. Mas a narradora,<br />

agora com um nome que nos é familiar, não é filha de vizir, como no<br />

trecho das Murūj A²²ahab e demais reelaborações, e sim filha de rei, ao<br />

passo que Dīnāzād, que a auxilia sem sabermos como, persiste em sua<br />

condição de serva, mais especificamente como aia.<br />

44<br />

Tais como os fragmentos encontrados por Abbott, os resumos<br />

de Almasaūdī e Annadīm não proporcionam o conhecimento de quais<br />

seriam as narrativas que entretêm o rei, mas que são definidas por eles<br />

como fábulas [æurāfāt] e/ou histórias noturnas [asmār]. Quanto a<br />

Annadīm, ao situar as Noites em um capítulo de seu Alfihrist dedicado a<br />

contadores noturnos de histórias, acaba por delinear os contornos<br />

característicos de um gênero narrativo amplamente disseminado na<br />

cultura árabe da época e que tipologicamente engloba modalidades<br />

como as fábulas, as histórias noturnas e ainda o que Abbott 30<br />

convencionou chamar de “relatos quase-históricos” [aæbār]. Essas<br />

categorias, no que concerne à sua utilidade intelectual, eram muitas<br />

vezes inferiorizadas e menosprezadas na cultura árabe erudita e vistas<br />

como leituras impróprias a quem se destinasse ao exercício de poder<br />

político, que, por exigir o uso do intelecto, levava a crer que o seu<br />

aspirante ou detentor seria beneficiado apenas com a leitura de obras<br />

que se detivessem em assuntos hierarquizados como sérios ou<br />

formalmente refinadas, como as de cunho religioso, filosófico, jurídico,<br />

retórico, gramatical, histórico ou poético. Daí a ambiguidade de<br />

Annadīm, que simultaneamente defende as modalidades narrativas<br />

30 Id. Op. cit., p. 150.

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