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309<br />

Com o exemplo de Historia universal de la infamia e dos seus<br />

primeiros contos, como “El acercamiento a Almotásim”, entre outros<br />

textos, é perceptível que a transição de Borges a outra literatura, o seu<br />

caminho do local ao universal, da poesia à ficção, não é percorrido<br />

abruptamente. Parece que em sua fase de transição o escritor procura<br />

maneiras e estratégias de trazer e engendrar a novidade sem se expor em<br />

demasia. É possível ver nisso uma dupla proteção: a da crítica alheia e a<br />

da insegurança por suas incursões na prosa ficcional, terreno que ele<br />

demorou a assumir como seu.<br />

Não se pode e nem tampouco se deve alinhar o recurso de Borges<br />

à pseudotradução como exclusivamente advindo das necessidades da<br />

fase de transição do escritor ou imputar a esse uso uma intenção<br />

deliberada de contribuir para a inovação ou renovação do sistema<br />

literário argentino do século XX. Os usos que ele faz da tradução fictícia<br />

são menos comprometidos e não respondem isoladamente por um salto<br />

significativo na sua literatura, ganhando antes importância como<br />

engrenagens de um processo que se vislumbra muito mais complexo.<br />

Em suma, a pseudotradução em Borges não é um elemento<br />

paradigmático de sua obra, mas aparece como estratégia textual<br />

necessária e significativa no eixo de alguns paradigmas e é um<br />

importante documento de como ele tenta recriar fora da operação<br />

tradutória o universo das Noites.<br />

Provavelmente, dentre os vários motivos que ocasionam a<br />

pseudotradução, o de técnica narrativa e o de ocultação de autoria para o<br />

exercício da experimentação literária, bem como o da incorporação de<br />

um estilo e ou de uma literatura alheios a uma produção, ou o desejo de

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