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300<br />

textos foram importantes para o desenvolvimento da ficção madura do<br />

escritor, pois permitiram que ele trabalhasse temas e elementos então<br />

vistos como incompatíveis com o projeto literário e a poética de um<br />

escritor genuinamente argentino.<br />

O recurso da pseudotradução, ou tradução fictícia, como alguns<br />

teóricos preferem denominá-la, artifício de apresentar um texto não<br />

traduzido como tradução, não é uma novidade no mundo das letras. Seu<br />

emprego na literatura é antigo, remontando à Baixa Idade Média,<br />

período histórico em que se registram as primeiras traduções falsas<br />

conhecidas. 588<br />

Contudo, a crítica passou a estudar seriamente a pseudotradução<br />

apenas nas últimas décadas do século XX, principalmente em função do<br />

desenvolvimento dos Estudos Descritivos da Tradução (Descriptive<br />

Translation Studies - DTS), abordagem que privilegia a análise do texto<br />

traduzido, etapa final do processo tradutório, e não se concentra em<br />

questões relativas à equivalência ou ao grau de fidelidade.<br />

Escritos pseudotraduzidos suscitam grande interesse devido à<br />

sua capacidade de introduzir ou acelerar mudanças culturais em<br />

determinados meios e revelar importantes informações sobre o contexto<br />

social de determinada época e as estratégias textuais nela utilizadas.<br />

Além disso, eles também interessam em razão de sua constituição<br />

questionar, como afirma Douglas Robinson, 589 algumas de nossas mais<br />

588 O caso mais antigo de pseudotradução conhecido é o livro Prophetiae Merlini (c. séc. XIII),<br />

de Geoffrey of Mounmonth, reunião de obscuras profecias atribuídas ao lendário mago Merlin<br />

que teriam sido traduzidas a partir de uma língua que o seu suposto compilador e tradutor não<br />

menciona.<br />

589 ROBINSON, Douglas. Pseudotranslation. In: BAKER, Mona (Org.). Routledge<br />

encyclopedia of translation studies. London/New York: Routledge, 2001. p. 242.

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