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272<br />

Pensando-se pelo viés da intenção de direção de leitura, pode<br />

existir alguma probabilidade de que a atribuição de um texto das Noites<br />

a um orientalista alemão dentro de uma antologia de literatura fantástica<br />

configure-se como uma tentativa de perfilar uma tradição do fantástico<br />

de fundo oriental em língua alemã ou de ampliar a multiplicidade do<br />

fantástico nesse idioma. Em “Los traductores de Las 1001 noches”,<br />

Borges manifesta o seu grande desejo de confluência do fantástico<br />

alemão com o universo de Šahrāzād: “Ya en el terreno filosófico, ya en<br />

el de las novelas, Alemania posee una literatura fantástica – mejor<br />

dicho, sólo posee una literatura fantástica. Hay maravillas en las Noches<br />

que me gustaría ver repensadas en alemán.” 551<br />

Por si só, o fato de dois contos das Noites figurarem em uma<br />

antologia de literatura fantástica é uma importante mudança no<br />

direcionamento da leitura desses textos, não comumente classificados<br />

como fantásticos, mas geralmente enquadrados no gênero maravilhoso.<br />

Esse tipo de situação é levado em consideração por Tzvetan Todorov,<br />

para quem estudar determinada obra a partir da perspectiva do gênero<br />

fantástico é completamente diverso de estudá-la por si mesma, no<br />

conjunto dos trabalhos de seu autor ou no de sua literatura<br />

contemporânea. 552<br />

Além do mais, a Antología idealizada na Argentina e a<br />

incorporação e dissimulação das Noites no território do fantástico,<br />

possibilitada por uma concepção do gênero que almeja a diversidade, a<br />

ampliação do seu espectro e a não dispensabilidade do fragmento<br />

551 BORGES. Historia de la Eternidad, OC1, p. 412.<br />

552 TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica [Introduction à la littérature<br />

fantastique]. Trad. Maria Clara Correa Castello. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. p. 08.

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