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253<br />

Entretanto, a concisão habitual das traduções de Borges, que<br />

arrisca ser fruto de sua influência inglesa ou a retomada de uma tradição<br />

austera bastante antiga na Espanha, como supõe Costa, 510 não se registra<br />

no conto sobre o castelo proibido e muito menos no dos sonhadores, no<br />

qual há até certo alongamento. Uma provável explicação, que se pode<br />

aplicar a outras traduções borgianas das Noites, é a de que os textos de<br />

partida já são em si muito concisos.<br />

A concisão, apesar disso, não impediu que os contos fossem uma<br />

oportunidade para que o autor-tradutor experimentasse uma forma de<br />

escrita e temáticas novas em sua obra e, por extensão, nas literaturas<br />

argentina e latino-americana.<br />

Deixando de lado o seu comprometimento com a cor local, tais<br />

textos, em sua qualidade de traduções, anônimas ou não,<br />

proporcionaram a Borges a incursão na narrativa árabe, o manejo de<br />

construções típicas das Noites e a exploração de temas que ganharão<br />

bastante força em trabalhos futuros e desvinculados do traduzir, como,<br />

por exemplo, a mise en abyme, o Aleph, o duplo e o sonho.<br />

As temáticas da mise en abyme e do Aleph são encontráveis<br />

apenas em “La cámara de las estátuas”. O abismo narrativo, várias vezes<br />

evocado pela noite 602 e que participará da construção de contos como<br />

“Las ruinas circulares”, é sutilmente inserido na tradução de modo quase<br />

imperceptível. Recorde-se que na versão inglesa há a descoberta de um<br />

mapa-múndi “figuring the earth and the seas and the different cities and<br />

countries and villages of the world”, 511 mapa que também aparece na<br />

510 COSTA, Walter Carlos. Borges traductor de Bartleby, de Melville. Fragmentos,<br />

Florianópolis, v. 8, n. 1, jul.-dez. 1998. p. 91.<br />

511 THE BOOK…, p. 100.

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