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ele, algumas estratégias básicas de tradução em benefício disso podem<br />

ser percebidas no trabalho do escritor. A mais comum é a supressão de<br />

palavras e passagens julgadas redundantes, supérfluas ou<br />

inconsequentes. Os cortes, entretanto, também podem atingir o que o<br />

tradutor considera como distração textual, trechos de uma obra que<br />

podem desviar a atenção do leitor de algum aspecto que a tradução<br />

queira enfocar ou iluminar. Consoante com isso, outra prática bastante<br />

utilizada pelo autor é não hesitar em dotar os elementos do original de<br />

uma maior ou menor nuance que não existe neles. 479<br />

Na maioria das vezes, as traduções do escritor cobrem muitas das<br />

tendências deformadoras do texto traduzido comentadas por Berman.<br />

Defende o francês que tais tendências impediriam a tradução de “atingir<br />

o seu verdadeiro objetivo.” 480<br />

Borges é pródigo em racionalizar as estruturas sintáticas e a<br />

pontuação do original, dispondo-as conforme as suas aspirações<br />

discursivas e transformando o que é concreto em abstrato. O<br />

enobrecimento e a homogeneização das fontes também são<br />

constantemente levados a cabo por ele em conjunto com a intransigência<br />

quanto a elementos vernaculares, entre outros procedimentos<br />

modificadores.<br />

Segundo Berman, a tradução regida pelas tendências<br />

deformadoras é fundamentalmente iconoclasta, pois ela desfaz a relação<br />

479 Id. Ibid., loc. cit.<br />

480 BERMAN. Op. cit., p. 45. As treze tendências deformadoras analisadas por Berman são a<br />

racionalização, a clarificação, o alongamento, o enobrecimento e a vulgarização, o<br />

empobrecimento qualitativo, a homogeneização, a destruição dos ritmos, a destruição das redes<br />

significantes subjacentes, a destruição dos sistematismos textuais, a destruição (ou a<br />

exotização) das redes de linguagens vernaculares, a destruição das locuções e idiotismos e o<br />

apagamento das superposições de línguas. Ver p. 48-62.

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