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241<br />

Levando-se em conta as reflexões teóricas de Borges sobre a<br />

tradução, “La cámara de las estatuas” é um texto cujo projeto tradutório<br />

mostra-se coerente com as linhas gerais do pensamento de seu autor<br />

acerca do assunto e com o seu modo de se relacionar com as literaturas<br />

canônicas dos centros, sendo também uma tradução em que é possível<br />

visualizar os procedimentos mais comuns empregados por ele ao<br />

traduzir.<br />

O comportamento de Borges como tradutor desse texto vai<br />

aparentemente de encontro a uma necessidade sua de que no diálogo<br />

com o estrangeiro seja-lhe franqueada uma possibilidade narrativa em<br />

que a apresentação meramente literal do conto selecionado não<br />

permitiria. O escritor parece estar menos interessado em mediar as<br />

Noites de Burton ao público de seu país do que, com a mostra da<br />

imagética e da ação da literatura árabe do século XIII, dar a conhecer as<br />

Noites segundo a sua concepção e abrir um terreno inédito de expressão<br />

ficcional na América Latina.<br />

Contudo, é preciso ponderar que Borges nem sempre traduz da<br />

mesma maneira, e o seu modo de transposição de um determinado texto<br />

varia de acordo com as necessidades que exigem a sua tradução. Ainda<br />

que o seu método mais recorrente siga a liberdade que ele divisa na<br />

tradução ao modo clássico, parafraseando e adequando o original ao que<br />

o texto estrangeiro lhe suscita e não em razão de como ele se apresenta,<br />

não existe nada que o impeça de convocar a literalidade quando ela o<br />

convence de que é a melhor opção.<br />

Para Kristal, a meta primordial de Borges como tradutor foi a<br />

criação de uma obra literária traduzida convincentemente. 478 Segundo<br />

478 KRISTAL. Op. cit., p. 87.

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