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208<br />

Mesmo que essas duas iniciativas de planificação cultural não<br />

tenham conseguido lograr seu intento, a construção de uma cultura<br />

argentina autêntica, elas estiveram, por outro lado, onipresentes e<br />

frutificadas nos movimentos literários de vanguarda das décadas de<br />

1920 e 1930, quando então a tradução terá uma importância seminal e<br />

muito contribuirá para a projeção de um ambiente cultural em que a<br />

característica marcante será a mescla incessante de influências locais e<br />

estrangeiras. Segundo Sarlo, “Podría decirse, sin exagerar, que en los<br />

años veinte y treinta los escritores argentinos eligen de todas partes,<br />

traducen y el que no puede traducir lee traducciones, las difunde,<br />

publica o propagandiza.” 427<br />

É difícil apontar uma publicação periódica vanguardista da época<br />

que não tenha divulgado e traduzido literatura europeia. A despeito de<br />

credos ideológicos e estéticos, a vanguarda mudou os termos do antigo<br />

diálogo intelectual das letras argentinas com a Europa, impulsionando<br />

com o uso da produção traduzida de outras tradições a renovação da<br />

tradição local, uma iniciativa que acabou por transcender o próprio<br />

território do vanguardismo, também se intensificando em meios mais<br />

conservadores.<br />

Tal mudança de diálogo subsidiada pelo traduzir foi um dos<br />

motivos que tornaram a revista Sur, surgida em 1931 graças ao caminho<br />

aberto pelas vanguardas, a mais prestigiada e respeitada revista cultural<br />

argentina das décadas de 30 a 50. Dirigida por Victoria Ocampo (1890-<br />

1979), a publicação tinha a tradução como parte consubstancial de seu<br />

projeto. Em sua fase áurea, Sur e a editora homônima surgida a partir<br />

427 SARLO. Una modernidad periférica: Buenos Aires, 1920 y 1930. Buenos Aires: Nueva<br />

Visión, 1988. p. 43.

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