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206<br />

Aleph. Logo, a mudez de suas páginas em relação a um grande escritor<br />

brasileiro como Machado de Assis certamente tem tanto ou quase tanto<br />

a dizer quanto suas preferências por outros nomes de nossa literatura.<br />

Dado isso, na opinião de Costa, o ausente na biblioteca de Borges<br />

muitas vezes responde a pré-juízos muito arraigados. 422<br />

Na Argentina, a divulgação e a tradução de literaturas<br />

estrangeiras sempre tiveram uma atuação decisiva na concretização de<br />

uma tradição literária nacional de caráter poliglota. O trabalho de<br />

Borges como antologista é parte indissociável dessa mesma tradição, a<br />

qual possui raízes que remontam à primeira metade do século XIX. Por<br />

essa época, a emancipação política do país, como em outros da América<br />

Latina, inclusive o Brasil, foi acompanhada de um desejo de<br />

independência cultural e de tentativa de alívio do peso da herança das<br />

metrópoles, herança metropolitana, no caso argentino, representada pela<br />

Espanha.<br />

Segundo Waisman, o olhar dos intelectuais do país em busca da<br />

independência cultural convergiu às literaturas europeias não ibéricas,<br />

resultando disso a colocação da tradução em primeiro plano como<br />

importante agenciadora do processo emancipatório. 423 Na base<br />

ideológica de tal processo verificam-se dois eventos fundacionais de<br />

intensa repercussão posterior: o Salão Literário de 1837 e o pensamento<br />

de Domingo Sarmiento, ambos demonstrando que desde os primórdios<br />

da literatura argentina a tradução não foi negligenciada em sua força<br />

como meio de obtenção de independência cultural.<br />

422 Id. Ibid., p. 166.<br />

423 WAISMAN. Borges y la traducción: la irreverencia de la periferia, p. 23.

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