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168<br />

mágico, de maneira que “Proponer a los hombres un nuevo Decamerón<br />

es una operación comercial como tantas otras; proponerles un Ancient<br />

Mariner o un Bateau ivre, ya merece otro cielo.” 340<br />

Ainda que Borges não tenha suprimido nenhuma passagem<br />

sexual dos textos das Noites que traduziu, tampouco ele escolheu para<br />

isso algum episódio com conteúdo manifestadamente obsceno. Nesse<br />

caso, o “desinfetar” borgiano do texto se deu não por vias de alteração<br />

da natureza erótica do original, mas pela seleção prévia de episódios<br />

onde o sexo ou a linguagem baixa não se fazem presentes.<br />

Particularmente, as reescrituras de Galland ou Lane não representaram<br />

problema para o escritor quanto a isso, inversamente ao caso de Burton,<br />

que não teve pudores em sua versão.<br />

Discordando da argumentação de Borges em defesa da censura<br />

perpetrada pelos primeiros tradutores que ele discute em seu ensaio de<br />

Historia de la Eternidad, Jarouche 341 afirma que o núcleo mais antigo<br />

das Noites, muito antes de qualquer iniciativa editorial para com o livro,<br />

tem algumas de suas cenas sexuais elaboradas nos moldes de um gênero<br />

de discurso narrativo árabe denominado de mújun, o qual é uma espécie<br />

de anedota obscena e fortuita na aparência, cujo objetivo não vai além<br />

do de divertir o leitor. Diversos autores islâmicos praticaram o gênero,<br />

justificado com argumentos éticos e religiosos. Note-se que as cenas de<br />

alcova do núcleo do livro, que admitem sim personagens de posição<br />

mais elevada, como reis e rainhas, 342 contrariando o que Borges<br />

340 Id. Ibid., loc. cit.<br />

341 JAROUCHE, Mamede Mustafa. Ah, essa deliciosa entreperna: alguns regimes de discurso<br />

sexual nas Mil e uma noites. Cult, São Paulo, n. 89, fev. 2005, p. 47.<br />

342 Id. Borges, autor das Mil e uma noites, p. 68.

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