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144<br />

no trabalho de composição e tradução dos Rubayat como uma metáfora<br />

da consolidação de vínculos insuspeitáveis entre textos e autores<br />

dissímeis; neste caso, entre um poeta persa e seu tradutor. Contudo, o<br />

que está em jogo é muito mais do que o percurso de determinados<br />

versos através do tempo e de culturas, configurando-se também como<br />

importantes as mudanças a que eles são submetidos e o sucesso obtido.<br />

Há na metempsicose imaginada por Borges a possibilidade de<br />

ampliação de um conceito de colaboração, que passaria a não se dar<br />

mais estritamente em um mesmo momento e lugar, impregnando então<br />

toda a relação entre um texto de partida e outro de chegada. Segundo<br />

Waisman, 276 Borges sugere que todo ato de escritura implica<br />

colaboração entre um escritor que oferece um pré-texto e outro<br />

indivíduo que o reescreve/ maltraduz e o recontextualiza, dando-lhe<br />

sentidos novos.<br />

Por esse viés, a literatura só seria possível porque a colaboração,<br />

de um modo ou de outro, persistiria e se renovaria a cada leitura de cada<br />

texto, ainda mais se levada a sério a premissa de que ler já é traduzir, e<br />

de que escritor e tradutor são duplos que dependem um do outro, não<br />

sendo talvez exceção a interdependência dos dois em um mesmo<br />

indivíduo.<br />

2.2 OS TRADUTORES DAS NOITES<br />

“Los traductores de Las 1001 noches”, publicado em Historia de<br />

la Eternidad, é o texto de Borges mais extenso e mais bem elaborado<br />

sobre tradução, desenvolvendo as ideias presentes em seus trabalhos<br />

276 Id. Ibid., p. 136.

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