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142<br />

autobiografia do autor o comentário significativo de que na infância sua<br />

primeira leitura de Don Quijote se deu em inglês e que, mais tarde,<br />

quando finalmente ele leu o romance em espanhol, este lhe pareceu uma<br />

má tradução. 272<br />

A situação é pertinente ao que ocorre com outra tradução inglesa,<br />

a qual Borges igualmente concede primazia diante de seu original: os<br />

Rubayat, de Omar Khayyām, via Fitzgerald. Deixando de lado as<br />

especulações metafísicas que o escritor articula em “El enigma de<br />

Edward FitzGerald”, nesse texto é evidenciada a constatação de que o<br />

original persa dos quartetos acaba subordinado, pelo menos no âmbito<br />

da anglofonia e no cânone borgiano, à sua tradução.<br />

Assim como Borges, muitos outros autores e críticos não<br />

hesitaram em considerar a tradução de Fitzgerald como uma obra<br />

autêntica da literatura inglesa, obra em que a existência de um original<br />

persa por detrás de sua composição não a invalida ou a desmerece<br />

enquanto arte e expressão da cultura europeia.<br />

Borges conheceu cedo o trabalho de tradução de Fitzgerald, visto<br />

que este tinha no pai do escritor um admirador de longa data. Jorge<br />

Guillermo foi inclusive um dos primeiros tradutores hispânicos dos<br />

Rubayat, publicando suas traduções dos quartetos durante a década de<br />

1920, na revista Proa, periódico do qual Borges foi colaborador. Tais<br />

traduções renderam uma resenha de seu filho, “Omar Jaiyám y<br />

Fitzgerald”, recolhida no livro inaugural de ensaios borgianos,<br />

Inquisiciones (1925). Analogamente à sua aprovação das mudanças,<br />

adaptações e invenções que Fitzgerald opera no texto oriental,<br />

liberdades que também lhe agradam em “Los traductores de Las 1001<br />

272 BORGES; DI GIOVANNI. Op. cit., p. 26.

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