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molde fixo do seu tempo e do seu espaço, mas uma modulação contínua<br />

e perpetuamente variável de tempo e espaço. 192 Para ela, é perfeitamente<br />

possível pensar que o tempo na obra, como o encara Borges, é um<br />

contínuo inacabado. 193<br />

Perturbadoramente, mesmo que um mapa do tempo não possa<br />

ser compreendido em sua totalidade pelos homens, no caso das Noites,<br />

particularmente, o seu traçado ganha vida tão somente pela linguagem<br />

humana, concedendo-se, desse modo, a condição de instrumento de dois<br />

gumes a ela, pois é a linguagem o único recurso que possibilita ao<br />

indivíduo algum entendimento do mapa metafórico, sendo também, por<br />

outro lado, a faculdade responsável pela restrição da apreensão dele e do<br />

situar-se nele. 194<br />

Silva comenta que<br />

Mesmo que a palavra não dê conta do objeto que<br />

representa, é ela quem faz o registro de um espaço<br />

e da vida na linha do tempo, pela expressão de<br />

sons que se desdobram como ecos, com a<br />

singularidade e a propriedade de significar, de ter<br />

um sentido, de nomear, de designar, de pertencer<br />

ao instante do agora de Cronos que se atualiza no<br />

leitor, e inscrito por diversas outras gerações na<br />

linha da eternidade de Aion, que resiste e subsiste,<br />

subdividindo infinitamente o presente. 195<br />

A denotação das Noites como uma cartografia do tempo, o qual<br />

está em e além de suas páginas, também não escapa ao panteísmo de<br />

192 SILVA. Op. cit., p. 67.<br />

193 Id. Ibid., p. 69.<br />

194 Id. Ibid., loc. cit.<br />

195 Id. Ibid., loc. cit.

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