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109<br />

tempo? Um mapa que seria capaz de precisar “[…] cuanto miden las<br />

graduales sombras/ y el perpetuo desgaste de los mármoles/ y los pasos<br />

de las generaciones./ Todo. La voz y el eco, lo que miran/ las dos<br />

opuestas caras del Bifronte,/ mundos de plata y mundos de oro rojo/ y la<br />

larga vigilia de los astros.” (v. 61-67) 188<br />

Recordando-se o que já foi visto sobre as concepções temporais<br />

de Borges, fica patente que o tempo representa um mistério insolúvel<br />

para o escritor, o que não significa que ele seja um fenômeno<br />

desprovido de ordem. Pois tal como o labirinto, o tempo em Borges<br />

possui sua ordem irreversível para quem conhece o seu segredo. Desse<br />

modo, a região indefinida do tempo, na perspectiva borgiana, apenas<br />

assume a impossibilidade de compreensão porque a sua lógica não é<br />

acessível aos homens, ou, pelo menos, a qualquer homem.<br />

Diferentemente da metáfora da trama do tapete, a qual atina<br />

apenas com a ordem proposital no que parece informe nas Noites, o<br />

mapa que desvela o tempo parece ir mais longe: tal cartografia do<br />

desconhecido dá a impressão de extrapolar as palavras de Šahrāzād e<br />

passar a compreender um tempo e um mundo que já não são mais só os<br />

do livro árabe, mas sim também os de seus leitores e de todos os<br />

homens. Justamente por isso, talvez a palavra mais acertada para<br />

qualificá-la seja a de testemunha.<br />

Como as Noites são criadas, organizadas e sonhadas dentro das<br />

margens do tempo, a reunião daquilo que possibilita a incessante<br />

distração de um rei em serões perdidos no Oriente se impregna do<br />

avanço de um estado que é comum a todas as criaturas, visto que se para<br />

o escritor um homem é passível de ser todos os homens, a temporalidade<br />

188 BORGES. Op. cit., loc. cit.

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