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108<br />

de um mundo que não é mais possível a não ser no ato da lembrança e<br />

do sonho. Concretamente, o objeto desencadeador de recordações e<br />

sobrevivência do que se perdeu é uma chave de bronze de uma casa que<br />

outrora existiu em Toledo: “Hoy que su puerta es polvo, el instrumento<br />

[a chave]/ Es cifra de la diáspora y del viento,/ Afín a esa otra llave del<br />

santuario”. 185<br />

Aqui, a memória da perda do mundo recente conflui com a<br />

perda de um mundo ainda mais antigo, pois o santuário lembrado não é<br />

outro senão o de Jerusalém, símbolo da privação sofrida pelos judeus de<br />

seu espaço na Israel invadida pelos romanos, mas também da resistência<br />

de sua identidade. A mesma persistência em sobreviver que faz com que<br />

o sonho mantenha o universo das Noites constantemente renascendo<br />

entre aqueles que se dispuserem a adentrar na obra e ouvir Šahrāzād.<br />

1.2.2.4 Quarta metáfora<br />

A quarta e última metáfora norteadora do poema de Historia de<br />

la noche é apresentada como “[...] un mapa/ de esa región indefinida, el<br />

Tiempo” (v. 59-60). 186 Sandra Silva vê na combinação das três<br />

principais palavras de construção dessa metáfora uma estranheza de<br />

inevitável prazer estético e uma percepção poética do tempo e do espaço<br />

que as Noites encerram. 187<br />

Novamente Borges faz uso da contradição, dado que se o tempo<br />

é para ele uma região indefinida, como então se falar de um mapa do<br />

185 Id. El otro, el mismo, OC2, p. 254.<br />

186 BORGES. Historia de la noche, OC3, p. 170.<br />

187 SILVA. Op. cit., p. 66-67.

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