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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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2000 teve aumento <strong>de</strong> 63,89% 168 do produto interno bruto municipal. A<br />

taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico 169 continuou bastante acentuada, mas<br />

as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso a empregos industriais 170 foram reduzidas,<br />

e com elas alguns déficits sociais, sobre os quais os principais agentes<br />

da produção global da localização se baseiam para expressar os seus<br />

reclamos. Penso que na constelação teórico-prática dos empreen<strong>de</strong>dores<br />

industriais joinvilenses existia a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que era possível isolar o local<br />

do global e vice-versa, especialmente quando os subordinados <strong>de</strong>sse<br />

sistema exigiam sua parte.<br />

Isso reforça a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que, para muito além das taxas e índices,<br />

o processo <strong>de</strong> produção global da localização é um método em aberto,<br />

abarcando <strong>uma</strong> multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências e significações que se<br />

<strong>de</strong>senvolvem em várias direções. Como nos lembra o antropólogo Néstor<br />

García Canclini, o estudo da globalização <strong>de</strong>ve levar em conta também<br />

as “globalizações imaginadas” trabalháveis a partir das narrativas dos<br />

sujeitos. Os conteúdos <strong>de</strong> tais narrativas variam, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do lugar<br />

e das formas com que esses sujeitos tentam nomear os <strong>de</strong>sígnios que<br />

os incluem ou excluem <strong>de</strong>sse processo e, ao mesmo tempo, indicam “o<br />

que a globalização tem <strong>de</strong> utopia e o que ela não po<strong>de</strong> integrar” 171 .<br />

As manifestações reativas expressam, no conjunto, que o futuro<br />

da cida<strong>de</strong> estava sendo colocado em xeque pela falta <strong>de</strong> domínio sobre<br />

168 Índice obtido por meio <strong>de</strong> consulta na base <strong>de</strong> dados do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica<br />

Aplicada – IPEA. Disponível em: .<br />

Acesso em: 2 maio 2007.<br />

169 Entre as décadas <strong>de</strong> 1970 e <strong>1980</strong>, a taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> foi<br />

<strong>de</strong> 6,46%. Entre <strong>1980</strong>-1990 houve redução para 3,55% e, entre 1991-2000, 2,40%. Embora<br />

<strong>de</strong>clinantes, tais taxas ficaram bem acima das médias apresentadas por Santa Catarina e Brasil<br />

(2,05% e 1,89%, respectivamente, entre <strong>1980</strong>-1990). Cf.: FINDLAY, Elei<strong>de</strong> Abril Gordon;<br />

COELHO, Ilanil. A cida<strong>de</strong> do trabalho versus o trabalho na cida<strong>de</strong>. In: REUNIÃO DA SBPH,<br />

25. anais... Rio <strong>de</strong> Janeiro: SBPH, 2005. p. 409-413.<br />

170 No processo <strong>de</strong> produção global da localização em <strong>Joinville</strong> é preciso lembrar que na indústria<br />

o <strong>de</strong>semprego aumenta para os trabalhadores não qualificados. Por outro lado, haverá <strong>uma</strong><br />

maior oferta <strong>de</strong> empregos ligados à implantação <strong>de</strong> novas tecnologias. Nesse caso, a indústria<br />

joinvilense passará a buscar trabalhadores qualificados em outras regiões do país. Outro dado<br />

extremamente importante refere-se à evolução do número <strong>de</strong> empregados no mercado formal<br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Se no início da década <strong>de</strong> 1990 a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores<br />

estava empregada na indústria (51.676 em 1992), em 2000 o setor terciário (comércio e serviços)<br />

é o que mais empregará trabalhadores (51.645). Dados retirados <strong>de</strong>: UNIVERSIDADE DA<br />

REGIÃO DE JOINVILLE. Perfil socioeconômico <strong>Joinville</strong>: 2002. <strong>Joinville</strong>, 2002. 112 p.<br />

Mimeografado.<br />

171 CANCLINI, Néstor García. a globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003. p.<br />

11-12.<br />

97

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