08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tanto que, mesmo ao se tentar impor limites da área invadida com<br />

cercas, em questão <strong>de</strong> dias as habitações proliferavam assustadoramente,<br />

<strong>de</strong>rrubando-as. Foi então que a equipe resolveu fazer um teste para<br />

fixar <strong>uma</strong> fronteira <strong>de</strong> contenção às invasões, utilizando-se dos próprios<br />

recursos naturais da região:<br />

91<br />

[...] colocamos <strong>uma</strong> draga <strong>de</strong> sucção recalque<br />

e começamos a abrir um canal. Fizemos <strong>uma</strong><br />

experiência: abrimos um canal na margem das<br />

invasões, na beira das invasões, como se fosse a<br />

cerca natural <strong>de</strong>les, do limite. E nós <strong>de</strong>mos tanta<br />

sorte que aquele material que tinha no subsolo<br />

era areia, era arenoso. Aí a draga ia pra lá, nós<br />

succionávamos pra 500 metros, lá pra <strong>de</strong>ntro, 500,<br />

400, 300, com canos, e aquilo foi assentando, a<br />

areia foi assentando e foi firmando aquele terreno.<br />

E ai nós <strong>de</strong>scobrimos [...] que o canal seria o<br />

limitador das invasões, iria proteger o restante do<br />

mangue e aquele material da dragagem do canal<br />

serviria <strong>de</strong> aterro hidráulico 154 .<br />

Canais fronteiriços e aterro hidráulico teriam possibilitado ao<br />

po<strong>de</strong>r municipal, daí em diante, <strong>de</strong>senvolver ações voltadas a outro<br />

problema: or<strong>de</strong>nar as habitações, <strong>de</strong>marcando lotes e ruas, pois segundo<br />

o entrevistado as casas estavam dispostas como “mais ou menos jogar<br />

assim um punhado <strong>de</strong> feijão”. Conta-nos que:<br />

154 TEBALDI, Marco Antonio. Op. cit.<br />

155 Id. Ibid.<br />

Aí começou então o processo social que teve<br />

envolvimento muito gran<strong>de</strong> nosso. Tinha que<br />

estar assim constantemente lá, porque senão<br />

cria... já se criava um boato <strong>de</strong> que a Prefeitura<br />

abandonava. Foi quando eu assumi a coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong>sse projeto. Decidi assim fazer <strong>uma</strong> parceria.<br />

Foi a coisa mais certa que eu consegui fazer.<br />

[Falávamos] “Nós vamos fazer <strong>uma</strong> parceria. Nós<br />

não vamos dar nada <strong>de</strong> graça, [...] e vocês vão<br />

ter que participar”. Então, a Prefeitura passou a<br />

se responsabilizar pelo aterro, pela abertura das<br />

ruas, pela água e pela luz. Porque eles queriam<br />

água e luz 155 .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!