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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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do espaço urbano processava-se sob a lógica industrial. Novos bairros<br />

haviam sido criados em função <strong>de</strong> suas proximida<strong>de</strong>s com as empresas e,<br />

ainda, a consi<strong>de</strong>rar a renda 147 da população operária, novas habitações eram<br />

erigidas em terrenos sem ou <strong>de</strong> baixíssimo valor imobiliário e extremamente<br />

carentes dos quesitos básicos <strong>de</strong> infraestrutura. A “ausência <strong>de</strong> controle da<br />

ocupação urbana” – incluindo a localização das empresas –, juntamente<br />

com a falta <strong>de</strong> “consciência da beleza” dos habitantes, incidia sobre o<br />

apossamento indiscriminado das encostas <strong>de</strong> morros e das áreas alagadiças<br />

e apontava para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos marcos (técnicos e legais) para<br />

a gestão pública regular o zoneamento, o uso e o parcelamento do solo<br />

urbano. Tais recomendações, todavia, apenas se tornaram oficiais em 1973,<br />

momento em que se multiplicavam novos bairros, loteamentos informais,<br />

loteamentos por iniciativa <strong>de</strong> proprietários, vagas <strong>de</strong> trabalho e expansão<br />

não apenas numérica, mas também territorial das indústrias.<br />

Santana afirma também que a Prefeitura teria tido durante esses<br />

anos “<strong>uma</strong> atuação marcada pela inação e a não implementação da<br />

proposta urbanística que orientasse o crescimento da cida<strong>de</strong> apresentada<br />

no PBU-65” 148 . A partir <strong>de</strong> 1977, a produção do espaço urbano ganhou<br />

novos contornos, “não porque a fiscalização, ou melhor dizendo, a<br />

Prefeitura tivesse retomado o controle urbano, mas muito mais porque<br />

o Po<strong>de</strong>r Judiciário assumiu o controle efetivo do processo <strong>de</strong> registro<br />

dos documentos <strong>de</strong> fé pública” 149 . Além disso, as primeiras imobiliárias<br />

joinvilenses passaram a explorar o mercado imobiliário, consi<strong>de</strong>rado em<br />

ascensão, atuando “profissionalmente” sobre o espaço urbano 150 .<br />

Conforme nos relatou o ex-prefeito Marco Antonio Tebaldi 151 ,<br />

diante das perturbações advindas das transformações <strong>de</strong>correntes do<br />

147 Santana esclarece essa questão apresentando o levantamento que a Serete realizou e que<br />

serviu <strong>de</strong> subsídios para a elaboração dos planos diretores da cida<strong>de</strong> e do sistema <strong>de</strong> transporte<br />

urbano. Em 1972, 9% das famílias ganhavam até um salário mínimo, e 37%, entre um e dois<br />

salários mínimos. SANTANA, Naum. Op. cit. p. 27.<br />

148 Id. Ibid. p. 82.<br />

149 Id. Ibid. p. 119.<br />

150 Para se ter <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia, Santana informa que entre 1967 e 1976 foram aprovados 3.172 lotes.<br />

Entre os anos <strong>de</strong> 1977 e 1992 esse número se expandiu <strong>de</strong> tal forma que atingiu um total <strong>de</strong><br />

35.107 lotes aprovados para comercialização imobiliária. Id. Ibid. Anexo 4 e 5.<br />

151 Engenheiro sanitarista, foi convidado para compor <strong>uma</strong> equipe técnica que teria, segundo o<br />

<strong>de</strong>sejo da administração do então prefeito Wittich Freitag, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> controlar as invasões<br />

e amenizar as possíveis tensões sociais advindas do inchamento urbano. TEBALDI, Marco<br />

Antonio. Depoimento. entrevista concedida a diego Fin<strong>de</strong>r machado e ilanil Coelho.<br />

<strong>Joinville</strong>, 2 abr. 2007.<br />

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