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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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80<br />

ele, o ônibus vem aqui na roça, pega nós <strong>de</strong> manhã e<br />

traz <strong>uma</strong> e meia. Nós ainda temos tempo <strong>de</strong> trabalhar<br />

na roça”. Essa era a propaganda para atrair 119 .<br />

Na década <strong>de</strong> <strong>1980</strong>, entretanto, quando a cida<strong>de</strong> registrou a maior<br />

população em relação às <strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina, <strong>uma</strong> série<br />

<strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> infraestrutura fez com que o po<strong>de</strong>r público, segundo<br />

o nosso entrevistado, tomasse medidas para “inibir” a migração. Ele<br />

nos explicou:<br />

Porque é o seguinte: no primeiro momento, na<br />

década <strong>de</strong> 70 até 80, era o <strong>migrante</strong> <strong>de</strong>sejado,<br />

<strong>de</strong>sejado pela cida<strong>de</strong>, nós <strong>de</strong>sejávamos esse<br />

<strong>migrante</strong>. De 80 para cá, era in<strong>de</strong>sejado, nós<br />

não queríamos, nós tínhamos um programa<br />

na prefeitura <strong>de</strong> mandar o cara <strong>de</strong> volta. Na<br />

rodoviária ficavam agentes nossos da prefeitura,<br />

dando dinheiro para o cara pagar a passagem <strong>de</strong><br />

volta. [...] Nós tínhamos um programa para dar<br />

um caminhão <strong>de</strong> mudança para mandar o cara<br />

<strong>de</strong> volta. Esse era in<strong>de</strong>sejado 120 .<br />

Questionado sobre os <strong>migrante</strong>s que se estabeleceram na cida<strong>de</strong><br />

na mesma época, mas que provêm <strong>de</strong> centros metropolitanos brasileiros,<br />

o Sr. Wilmar ofereceu <strong>uma</strong> nova e interessante explicação. Segundo sua<br />

opinião, paulistas, gaúchos e cariocas, pessoas qualificadas, não po<strong>de</strong>riam<br />

ser consi<strong>de</strong>rados <strong>migrante</strong>s porque não se estabeleceram espontaneamente<br />

na cida<strong>de</strong>: “Aí é profissional que a gente vai buscar, não é <strong>migrante</strong>, nós<br />

fomos buscar [...]. Ele é meio trazido [...]. Aliciado. [...] Ele vem trazido<br />

a peso <strong>de</strong> ouro, a peso <strong>de</strong> dinheiro, esse <strong>de</strong> <strong>1980</strong>” 121 .<br />

Embora no segundo capítulo sejam discutidas as diferentes<br />

abordagens sobre o processo migratório joinvilense, a explicação do<br />

nosso entrevistado é <strong>de</strong> fundamental importância para problematizar<br />

119 SOUZA, Wilmar <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

120 Id. Ibid.<br />

121 Id. Ibid.

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