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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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70<br />

da década <strong>de</strong> 1990, quando a octogenária Festa das Flores entrava em<br />

processo autofágico. Com um público restrito, pensaram os organizadores<br />

que, para fomentar a participação no evento, era preciso consolidálo<br />

como festa temática e, ao mesmo tempo, “<strong>de</strong>scaracterizá-lo” como<br />

tributo à germanida<strong>de</strong>. Disse o entrevistado:<br />

Na Festa das Flores a gente sempre está querendo<br />

buscar algo mais, sempre, criar alg<strong>uma</strong> coisa, um<br />

diferencial. E nós tínhamos, nós precisávamos ter<br />

<strong>uma</strong> programação, que pu<strong>de</strong>sse todo dia atrair<br />

novas pessoas para a festa, porque senão ficavam<br />

sempre as mesmas pessoas. Aí, criamos. Bom!<br />

Vamos fazer um encontro da etnia. [...] E assim...<br />

aí fomos buscar grupos étnicos da nossa socieda<strong>de</strong><br />

que estivessem organizados, ou se não estivessem<br />

organizados, que se organizassem. [...] Bom, foi<br />

um negócio fantástico, você via pessoas que nunca<br />

mais tinham ido à Festa das Flores e ficavam lá,<br />

a noite toda 92 .<br />

O sucesso do “encontro das etnias” na Festa das Flores teria sido,<br />

assim, o primeiro sinalizador mercadológico para que a diversida<strong>de</strong><br />

cultural <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> fosse espetacularizada com a marca da tradição.<br />

Por ocasião das polêmicas surgidas com o fim da Fenachopp,<br />

tema que discutirei mais adiante, o Sindicato <strong>de</strong> Hotéis, Restaurantes,<br />

Bares e Similares <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, estimulado pela Promotur, efetuou<br />

o registro da Festa das Tradições em seu nome. Passou também a<br />

responsabilizar-se pela contratação <strong>de</strong> serviços e pela administração<br />

da festa. A justificativa para essa espécie <strong>de</strong> terceirização consistia em<br />

imprimir agilida<strong>de</strong> operacional, <strong>de</strong>sobrigando a Promotur <strong>de</strong> cumprir<br />

trâmites e licitações. A esse órgão, no entanto, caberia disponibilizar<br />

equipe e executar a festa.<br />

Na primeira edição da Festa das Tradições, em 2005, o slogan<br />

“A alegria é a nossa tradição” funcionava, a meu ver, como um<br />

recurso voltado não apenas para associar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o evento seria<br />

aprazível, mas também anunciar ao consumidor que as experiências<br />

com a marca tradição fortaleceriam a própria tradição como “benefício”,<br />

“valor joinvilense” e produto dotado <strong>de</strong> “personalida<strong>de</strong>” (diferencial)<br />

especialmente customizado ao consumidor.<br />

92 SOUZA, Wilmar <strong>de</strong>. Op. cit.

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