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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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ou não da forma como narraram, importava menos do que perceber a<br />

importância atribuída pelos narradores ao fato.<br />

Mais à frente, o estan<strong>de</strong> da Suíça. Uma imensa fotografia<br />

dos Alpes cobertos <strong>de</strong> neve num ensolarado dia <strong>de</strong>u-me a impressão<br />

<strong>de</strong> que eu a<strong>de</strong>ntrava em <strong>uma</strong> agência <strong>de</strong> turismo. Alguns relógios<br />

expostos lembravam a propalada pontualida<strong>de</strong> e organização dos suíços.<br />

Artesanatos natalinos, doces e papais noéis <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sugeriam aos<br />

visitantes imaginar como seria fascinante a festa naquele país. Impactada<br />

com a <strong>de</strong>coração do estan<strong>de</strong>, não quis interromper a recepcionista – que<br />

conversava animadamente com dois visitantes – para saber <strong>de</strong>talhes<br />

históricos da presença suíça em <strong>Joinville</strong>.<br />

O estan<strong>de</strong> foi organizado pelo Sr. Alberto Hol<strong>de</strong>regger, cônsul<br />

honorário da Suíça em Santa Catarina. Em tom crítico, informou-nos que<br />

a festa não teria sido iniciativa das associações étnicas, mas da Prefeitura,<br />

que queria “ganhar nas costas dos grupos”. Disse ele: “Simplesmente<br />

pegaram um galpão, colocaram nós lá <strong>de</strong>ntro para nós fazermos a festa<br />

para eles. Isso jamais iria dar <strong>uma</strong> coisa que prestasse. Nós tentamos<br />

fazer da melhor maneira possível, mas isso não é festa” 73 .<br />

Tal ressentimento também perpassou sua explicação acerca <strong>de</strong><br />

<strong>uma</strong> questão a ele dirigida na entrevista: por que um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte suíço<br />

encenou, por 27 anos, <strong>uma</strong> personagem alemã estilizada? E ainda: o que o<br />

levou a renunciar a tal posto? Ocorre que o Sr. Hol<strong>de</strong>regger ficou bastante<br />

conhecido como o “Fritz”, o “típico alemão” das peças publicitárias<br />

relativas às festas <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> Santa Catarina. Segundo sua explicação,<br />

a personagem era responsável por atrair um público mais amplo.<br />

Eu participava da Associação Brasileira dos<br />

Agentes <strong>de</strong> Viagens e eu ia nos congressos,<br />

cantava e divulgava as festas <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, que era<br />

a Festa das Flores, a Festa do Tiro. Depois ajudava<br />

o pessoal <strong>de</strong> Blumenau... eu ia pela Santur... com<br />

a Oktoberfest. A gente cantava, vestido <strong>de</strong> Fritz,<br />

divulgava com panfletos, batia um papo com as<br />

pessoas 74 .<br />

Ao se autoatribuir um papel estratégico no planejamento e<br />

na execução da divulgação <strong>de</strong> Santa Catarina em todo o Brasil, o<br />

73 HOLDEREGGER, Alberto. Depoimento. entrevista concedida a diego Fin<strong>de</strong>r machado<br />

e ilanil Coelho. <strong>Joinville</strong>, 27 nov. 2007.<br />

74 Id. Ibid.

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