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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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alemã em se fazerem presentes no estan<strong>de</strong> étnico e no próprio evento.<br />

Confessou-nos: “Pasmem, aquele estan<strong>de</strong> dos alemães ali, eu paguei.<br />

A Prefeitura pagou, a Promotur pagou, a festa pagou, a organização<br />

da festa pagou” 41 .<br />

A explicação do nosso entrevistado questionou e,<br />

contraditoriamente, afirmou a representação que construiu <strong>uma</strong> espécie<br />

<strong>de</strong> hegemonia étnica alemã no processo histórico joinvilense. Segundo<br />

ele, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> está mais ligada às estratégias<br />

econômicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>, especialmente na área<br />

industrial e turística, do que à importância social e cultural dos alemães<br />

e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes no meio urbano. Disse ele:<br />

51<br />

A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> não se transfere<br />

exatamente para os alemães. A gente cost<strong>uma</strong><br />

divulgar isso, dizer que nós temos ainda traços<br />

marcantes da cultura alemã, mas não [...]. A<br />

nível <strong>de</strong> turismo, <strong>de</strong> marketing turístico isso dá<br />

muito Ibope. Lá em São Paulo, Rio quando vê<br />

<strong>uma</strong> alemãzinha, vestida <strong>de</strong> traje típico, estavam<br />

vendo? Isso i<strong>de</strong>ntificava muito Santa Catarina,<br />

cada um queria levar a sua parte, <strong>Joinville</strong> queria<br />

levar, Blumenau queria levar a sua parte, cada<br />

um queria levar a sua parte nisso. [...] E <strong>de</strong>pois,<br />

o produto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> era produto alemão. [...].<br />

Os produtos, produzidos em <strong>Joinville</strong>, “ah, dos<br />

alemães, lá <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Po<strong>de</strong>m comprar porque<br />

é <strong>de</strong> primeira qualida<strong>de</strong>, os alemães sabem fazer<br />

coisa boa”. Você enten<strong>de</strong>u? Também tinha esse<br />

marketing. De qualida<strong>de</strong>, tinha que ser alemão,<br />

o alemão sempre foi muito cuidadoso, muito...<br />

[...] disciplinado, tecnologia... Então, em algum<br />

momento este mote era importante para a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, a cida<strong>de</strong> alemã. Mas se você olhar um<br />

tempo aí, a cida<strong>de</strong>... nunca foi alemã <strong>de</strong> fato 42 .<br />

Dessa forma, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da cida<strong>de</strong> teria sido criada como<br />

processo <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> “marca” que lhe imprimiu e lhe imprime<br />

simbolicamente um diferencial para o consumo <strong>de</strong> suas mercadorias e<br />

serviços.<br />

41 SOUZA, Wilmar <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

42 Id. Ibid.

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