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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Tal i<strong>de</strong>ia foi reforçada posteriormente em entrevista com o Sr.<br />

Moacir Bogo, cônsul honorário da Itália e fundador do Circolo Italiano<br />

di <strong>Joinville</strong>. Disse ele: “Sou brasileiro, tenho orgulho <strong>de</strong> ser, mas eu<br />

tenho um pouco a mais, eu tenho a genética italiana [...]. Acho que isso<br />

é um trunfo [...]. Sabe, é <strong>uma</strong> polivalência” 35 .<br />

Não importa o quanto as pessoas possam ser diferentes em<br />

termos <strong>de</strong> origem, classe ou mesmo filiação e lealda<strong>de</strong> a um Estado,<br />

a curiosa tradução buscava representar, simbolicamente, a todos como<br />

pertencentes a <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> família, no sentido expressado pelo nosso<br />

entrevistado como “genética italiana”. O seu relato sobre a criação do<br />

Circolo Italiano é ainda mais esclarecedor:<br />

49<br />

Quando começou, no final dos anos 70, a aparecer<br />

esses negócios <strong>de</strong> italiano, gente tocando e<br />

cantando, o pessoal ficava tão emocionado que<br />

as pessoas choravam, homens choravam <strong>de</strong><br />

emoção, aquela coisa muito, muito forte. Então<br />

nós começamos aqui em 88, vai daqui, vai dali,<br />

<strong>de</strong>pois em 90, então, nós fundamos a Associação<br />

Vêneta [...]. E daí veio esta história dos italianos<br />

[...]. Mas por que Associação Vêneta? Tinham<br />

italianos [provenientes] <strong>de</strong> outras regiões. [...]<br />

Nós não somos vênetos, somos piemonteses,<br />

lombardos, sicilianos. Então vamos fazer o<br />

seguinte: vamos fazer o Círculo Italiano, o Círculo<br />

Italiano congrega tudo. Ah! Então está bom 36 .<br />

Tal operação homogeneizante não se restringia aos ítalosjoinvilenses;<br />

várias outras manifestações <strong>de</strong> tradução, com esse caráter,<br />

me aguardavam.<br />

Contíguo ao estan<strong>de</strong> da Itália estava o da Alemanha. Trazia alguns<br />

outros elementos. O visitante a princípio po<strong>de</strong>ria obter informações<br />

sobre o folclore alemão se iniciasse a turnê pelo pe<strong>de</strong>stal localizado<br />

no lado extremo esquerdo do estan<strong>de</strong>. Ao avançar, <strong>de</strong>parava com um<br />

mosaico <strong>de</strong> imagens e textos sobre o significado <strong>de</strong> trajes, danças e<br />

músicas. O material exposto dava a impressão <strong>de</strong> ter sido ultimado<br />

apressadamente para subsidiar aqueles que nada sabiam sobre as “raízes<br />

folclóricas <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>”, última parte da exposição, a qual consistia n<strong>uma</strong><br />

35 BOGO, Moacir. Op. cit.<br />

36 Id. Ibid.

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