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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Talvez por ter aprendido com Boris Kossoy que a “câmara<br />

fotográfica e o relógio são instrumentos íntimos, auto-referentes”,<br />

busquei aprisionar aquele tempo breve por meio <strong>de</strong> cliques, na intenção<br />

<strong>de</strong> analisar e problematizar mais <strong>de</strong>moradamente aquela experiência.<br />

Afinal, para esse autor:<br />

Com a fotografia <strong>de</strong>scobriu-se que o objeto,<br />

embora ausente, po<strong>de</strong>ria ser (re)apresentado,<br />

eternamente. É este o tempo da representação,<br />

que perpetua a memória na longa duração. Com<br />

os ponteiros petrificados temos a memória sempre<br />

disponível; <strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong> consistente <strong>de</strong><br />

recuperarmos o fato 28 .<br />

Ao entrar no pavilhão, <strong>uma</strong> profusão <strong>de</strong> imagens misturava-se<br />

a odores e sons. Foram necessários alguns minutos para estabelecer o<br />

melhor itinerário <strong>de</strong> visitação àquela miscelânea festiva.<br />

O palco central, com um gran<strong>de</strong> outdoor que trazia um <strong>de</strong>senho<br />

<strong>de</strong> duas personagens estilizadas – um alemão e um italiano –, era<br />

emoldurado, da esquerda para a direita, pelos estan<strong>de</strong>s étnicos – que,<br />

no conjunto, eram <strong>de</strong>nominados “encontro das etnias” – e, contíguo a<br />

eles, pelas barracas gastronômicas e tendas <strong>de</strong> artesanato.<br />

O primeiro estan<strong>de</strong> era o italiano. Nele estavam expostas<br />

vestimentas (feminina e masculina) supostamente pertencentes a antigos<br />

colonos i<strong>migrante</strong>s, juntamente com aventais <strong>de</strong> cozinha bordados<br />

com a ban<strong>de</strong>ira da Itália que po<strong>de</strong>riam ser comprados pelos visitantes.<br />

Recepcionistas, em trajes típicos 29 , forneciam informações para os<br />

mais interessados e se dispunham a posar para fotografias. Pendurados<br />

28 KOSSOY, Boris. O relógio <strong>de</strong> Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens.<br />

revista Brasileira <strong>de</strong> História, São Paulo, v. 25, n. 49, 2005. Disponível em: .<br />

Acesso em: 6 fev. 2008.<br />

29 O termo típico é aqui utilizado levando em conta não apenas as <strong>de</strong>finições vocabulares<br />

que o explicam como algo característico ou simbolicamente distintivo, mas também como<br />

um trabalho <strong>de</strong> criação cultural envolto por polissemias e por disputas do presente em torno<br />

dos elementos que o qualificam como tal. Conforme nos informou <strong>uma</strong> das organizadoras<br />

da Fenachopp e da Festa das Tradições, a Sra. Nelci Seibel, para a criação <strong>de</strong> trajes típicos<br />

é necessário pesquisa para <strong>de</strong>senhá-los e habilida<strong>de</strong>s para confeccioná-los. Tais aspectos,<br />

entretanto, são pouco respeitados, quer pelas dificulda<strong>de</strong>s financeiras para adquirir materiais,<br />

quer pela incompreensão dos leigos sobre a importância dos <strong>de</strong>talhes que os singularizam.<br />

SEIBEL, Nelci Therezinha. Depoimento. entrevista concedida a diego Fin<strong>de</strong>r machado e<br />

ilanil Coelho. <strong>Joinville</strong>, 8 fev. 2007.

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