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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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forma semelhante, a interpretação dos discursos produzidos em <strong>Joinville</strong><br />

também revelou tais aspectos. Por sua vez, as abordagens da migração<br />

no nosso tempo e espaço contemporâneo suscitam o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> repensar<br />

os <strong>de</strong>slocamentos h<strong>uma</strong>nos – <strong>de</strong> curta ou longa distância – na articulação<br />

global e local e na dimensão política do direito e da cidadania.<br />

Dessa perspectiva, direcionei a investigação para as narrativas<br />

<strong>de</strong> memórias dos próprios <strong>migrante</strong>s. Mediante a análise dos dados<br />

<strong>de</strong>mográficos retirados dos três últimos censos, <strong>Joinville</strong> explicitouse<br />

como <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> <strong>migrante</strong>, já que o seu crescimento populacional<br />

foi resultado direto dos fluxos migratórios. Porém ir além <strong>de</strong>sse<br />

conhecimento quantitativo significava apropriar-me da metodologia da<br />

história oral como caminho para a interpretação das subjetivida<strong>de</strong>s,<br />

dos sentimentos <strong>de</strong> pertencimento e da diferença cultural. As narrativas<br />

<strong>de</strong> memória indiciaram territórios urbanos <strong>de</strong>sconhecidos, concepções<br />

diferenciadas sobre o ato <strong>de</strong> migrar e sobre o processo migratório, re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>slizantes<br />

que diziam respeito não apenas ao passado narrado, mas sobretudo<br />

às vivências tramadas no presente. Assim, as memórias <strong>de</strong> travessias<br />

evocaram cida<strong>de</strong>s praticadas, reivindicaram direitos à memória e à<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e fissuraram generalizações sobre o ser ou não joinvilense.<br />

E ainda, pelos atos narrativos do presente, foi-me possível compreen<strong>de</strong>r<br />

como os sujeitos operaram o passado, buscando transformar os sentidos<br />

das suas memórias em evidências a serem consi<strong>de</strong>radas para a instituição<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova verda<strong>de</strong> histórica da cida<strong>de</strong> e, mais, para o próprio futuro<br />

urbano.<br />

<strong>Pelas</strong> <strong>tramas</strong> da cida<strong>de</strong> <strong>migrante</strong> – volto à metáfora que inspirou<br />

não apenas o título da tese, mas o trajeto investigativo e as proposições<br />

que construí pela operação historiográfica. Mesmo me valendo <strong>de</strong> pontos<br />

largos e frouxos neste breve e provisório arremate, disponho a outros<br />

olhos e mãos o que teci. Por certo, os revisores e <strong>de</strong>mais interessados por<br />

esta trama vão <strong>de</strong>tectar pontos retesados, saliências in<strong>de</strong>vidas e enleios<br />

incompletos. Porém o balaio e as agulhas ainda ficarão sob minha<br />

mirada. Deles po<strong>de</strong>rei me valer para retomar o tecido para remendá-lo<br />

à medida que for sacudido ou mesmo para tecer novamente.

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