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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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globalização” 169 ; a “monocultura da naturalização das diferenças”, que<br />

é nutrida, por sua vez, pela naturalização das hierarquias que a um só<br />

tempo <strong>de</strong>fine superiores e inferiores e essencializa causa e consequência<br />

das diferenças; a “monocultura da escala dominante”, pela qual a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> “universalismo e, agora, globalização [...] é válida in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do contexto no qual ocorre” 170 , relegando o particular e o local a um<br />

lugar <strong>de</strong>scartável, <strong>de</strong>sprezível e invisível; e, por fim, a “monocultura<br />

do produtivismo capitalista”, cujo pressuposto submete o valor da<br />

produtivida<strong>de</strong> do trabalho h<strong>uma</strong>no e da natureza ao crescimento<br />

econômico e nada mais.<br />

Do exercício <strong>de</strong>ssa “sociologia das ausências” surge, ainda<br />

<strong>de</strong> acordo com o autor, <strong>uma</strong> “sociologia das emergências”, pela<br />

qual se po<strong>de</strong>m perscrutar os sinais já existentes no presente como<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futuro. Assim, tentar compreen<strong>de</strong>r e ressignificar as<br />

múltiplas e fragmentadas pistas e latências do presente por meio <strong>de</strong><br />

um “procedimento <strong>de</strong> tradução” é levar em conta: a heterogeneida<strong>de</strong><br />

do vivido, a não-univocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos do mundo contemporâneo e<br />

a clarificação do que une e do que separa os diferentes movimentos e<br />

práticas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificações.<br />

Entre os cinco modos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ausências, concentro<br />

minha atenção na discussão que o autor faz sobre o terceiro, qual<br />

seja, a monocultura da naturalização das diferenças e como aí se po<strong>de</strong><br />

vislumbrar a importância que imputa à tradução.<br />

Ao apontar para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “<strong>uma</strong> nova cultura política<br />

emancipatória”, Santos <strong>de</strong>safia não apenas os pesquisadores, mas os<br />

segmentos políticos e sociais sensíveis às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformação,<br />

a <strong>de</strong>senvolverem novas aprendizagens capazes <strong>de</strong> produzir ou reinventar<br />

<strong>uma</strong> nova teoria crítica 171 . Silêncio e diferença são dois graves problemas<br />

resultantes da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal enfrentados, <strong>de</strong> partida, quando<br />

nos dispomos a construir essa nova teoria crítica. Como “fazer o silêncio<br />

falar <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maneira que produza autonomia e não a reprodução do<br />

169 SANTOS, Boaventura <strong>de</strong> Sousa. Op. cit. p. 30.<br />

170 Id. Ibid. p. 31.<br />

171 “O tempo em que vivemos, cujo passado recente foi dominado pela idéia <strong>de</strong> <strong>uma</strong> teoria geral,<br />

é talvez um tempo <strong>de</strong> transição que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido da seguinte maneira: não precisamos <strong>de</strong><br />

<strong>uma</strong> teoria geral, mas ainda precisamos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> teoria geral sobre a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

teoria geral. Isto é, precisamos <strong>de</strong> um universalismo negativo que possa dar lugar às ecologias<br />

<strong>de</strong> saberes e práticas transformadoras”. SANTOS, Boaventura <strong>de</strong> Sousa. O futuro do Fórum<br />

Social Mundial: o trabalho da tradução. osal, ano V, n. 15, p. 77-90, set./<strong>de</strong>z. 2004. p. 78.

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