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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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338<br />

essa... Acho que essa coisa <strong>de</strong> dar conta do todo<br />

não tem mais possibilida<strong>de</strong> nenh<strong>uma</strong>. Alguém vai<br />

pegar esse pedaço “Migrantes” e vai conectar <strong>uma</strong><br />

matéria, ou através <strong>de</strong> <strong>uma</strong> reflexão...<br />

IC – Ou seja...<br />

SF – Vire-se para conectar você Ilanil 166 .<br />

História, política e teatro; memórias, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e diferenças;<br />

palco, cida<strong>de</strong> e <strong>migrante</strong>s. Na entrevista, tais temas foram referências<br />

para reflexões mútuas, digressões difusas. Entretanto, ao <strong>de</strong>legar-me<br />

a tarefa <strong>de</strong> “conectar”, ou seja, <strong>de</strong> interpretar como historiadora sua<br />

narrativa <strong>de</strong> memória em meio a outros tantos documentos, o Sr. Silvestre,<br />

no final da entrevista, procura <strong>de</strong>marcar as fronteiras entre os lugares<br />

instantaneamente ocupados por ele e por mim. Trata-se <strong>de</strong> fronteiras tão<br />

frouxas e fluidas como são nossos lugares na cida<strong>de</strong> contemporânea.<br />

As suas palavras me possibilitam, porém, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r diante do leitor a<br />

relevância da abordagem teórico-metodológica que adotei, especialmente<br />

neste capítulo, antes <strong>de</strong> concluir minhas discussões sobre a entrevista.<br />

A investigação da cida<strong>de</strong> <strong>migrante</strong> por meio das narrativas <strong>de</strong><br />

memória aponta, em primeiro lugar, para o emaranhado <strong>de</strong> práticas e<br />

representações que atravessam e movem <strong>Joinville</strong> a partir da década <strong>de</strong><br />

<strong>1980</strong>. Em segundo lugar, tal investigação não tratou das singularida<strong>de</strong>s<br />

ou dos específicos históricos (conforme expressão <strong>de</strong> Sarlo), incluindo<br />

e dispondo diferentes narradores e narrativas para <strong>uma</strong> explicação<br />

panorâmica sobre a migração e a cida<strong>de</strong>. Pelo contrário. Ao lidar num<br />

movimento <strong>de</strong> elipse com as narrativas busquei a<strong>de</strong>ntrar pelos meandros<br />

do narrado para flagrar o que <strong>de</strong> singular e <strong>de</strong> específico foi dado à<br />

problematização para compor a intriga histórica. Assim, pelo menos na<br />

paisagem <strong>de</strong>sta pesquisa, <strong>de</strong>para-se com a teia complexa e dinâmica <strong>de</strong><br />

relações e i<strong>de</strong>ntificações culturais que permeiam diferentes tempos e<br />

espaços da cida<strong>de</strong> <strong>migrante</strong>.<br />

Os <strong>migrante</strong>s, cada um e cada qual, exprimiram os seus sentimentos<br />

<strong>de</strong> pertencimento em relação à cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>slocando pelo trabalho da palavra<br />

minhas próprias questões <strong>de</strong> pesquisa que, inicialmente, punham em causa<br />

um <strong>de</strong>terminado passado que chegava ao presente. Nos ditos e não-ditos<br />

pulsou a cida<strong>de</strong> como lugar on<strong>de</strong> a vida acontece, território(s) apropriado(s)<br />

carregado(s) por invenções, inversões, hibridismos e i<strong>de</strong>ntificações.<br />

166 FERREIRA, Silvestre. Op. cit.

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