08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

319<br />

música” <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Posteriormente, a discussão foi aberta à Comissão<br />

Municipal do Patrimônio Histórico que, junto com técnicos e gestores,<br />

concluiu que era preciso<br />

criar um lugar da memória coletiva em que todos<br />

e todas pu<strong>de</strong>ssem se sentir contemplados. Porque<br />

nós tínhamos informações <strong>de</strong> que as pessoas que<br />

visitam o Museu Nacional <strong>de</strong> Imigração achavam<br />

interessante conhecer a história do outro. [...] mas<br />

<strong>de</strong> maneira nenh<strong>uma</strong> se sentiam contemplados<br />

com aquela exposição. É a exposição que conta<br />

a memória do outro, a memória do lugar que<br />

aqui estou, mas eu continuo sendo o ET, o<br />

extraterrestre, [...]. O fora do lugar. O entre meio,<br />

entre cida<strong>de</strong>s, entre situações 140 .<br />

O novo lugar <strong>de</strong> memória surgia, pois, <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo do grupo<br />

em promover <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da memória coletiva <strong>de</strong><br />

<strong>Joinville</strong> que contemplasse do “homem do sambaqui” aos “<strong>migrante</strong>s<br />

brasileiros dos anos 70, 80 e 90”.<br />

A gente tinha a pretensão <strong>de</strong> que a Estação fosse<br />

um primeiro passo para outras iniciativas que<br />

<strong>de</strong>ssem conta <strong>de</strong>ssa sensação <strong>de</strong> pertencimento<br />

que a população joinvilense, parte da população<br />

joinvilense eu creio que ainda não tem. Por<br />

exemplo, muitos hoje, dos jovens, [...] são filhos<br />

<strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s. Muitos <strong>de</strong>les não construíram ainda<br />

[...] <strong>uma</strong> relação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>/pertencimento com<br />

a cida<strong>de</strong> 141 .<br />

Assim, na sua percepção, especialmente os jovens estariam ainda<br />

<strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> um lugar <strong>de</strong> memória que agenciasse suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

urbanas locais. O po<strong>de</strong>r público teria como tarefa instituir e tornar<br />

acessíveis marcos temporais e espaciais que viabilizassem tal aquisição.<br />

Corrigir e pluralizar a memória coletiva, eis o princípio motor da Estação<br />

da Memória.<br />

Não ponho aqui em causa julgamentos sobre a qualida<strong>de</strong> do projeto<br />

e a pertinência <strong>de</strong>sse lugar <strong>de</strong> memória. Isso seria um contrassenso. Até<br />

140 NARLOCH, Charles. Op. cit.<br />

141 Id. Ibid.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!